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Por Exame
A nova crise política gerada pelas denúncias de que o presidente Michel Temer teria supostamente dado aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha gera preocupações sobre os impactos no interesse dos investidores no programa de concessões de infraestrutura do país, disseram à Reuters duas fontes do governo que lidam com a área.
Porém, pelo menos em um primeiro momento, a divulgação na véspera de que o empresário Joesley Batista, do frigorífico JBS, teria gravado o presidente Temer dando aval à compra do silêncio de Cunha no âmbito da Lava Jato, não deverá fazer o governo cancelar leilões.
“Todos os cronogramas estão mantidos”, disse uma dessas fontes. Para o segundo semestre, disse, há licitações importantes previstas, como de usinas hidrelétricas –São Simão, entre Minas Gerais e Goiás, Volta Grande (MG) e Miranda (MG) — e de áreas para produção de petróleo e gás, inclusive na camada pré-sal.
“Os próximos leilões, que são importantes demais, estão previstos para a partir de setembro. Até lá, teremos um pouco mais de clareza sobre o rumo que o Brasil estará. Claro que é ruim (instabilidade política). Não vendemos só projetos de infraestrutura, mas também credibilidade”, disse uma das fontes.
Essa fonte admitiu, por exemplo, que o aumento do risco político pode interferir nas propostas dos eventuais interessados, reduzindo os valores das ofertas.
O chamado Programa de Parceria de Investimentos (PPI) é uma das iniciativas do governo Temer para tentar reativar a economia.
Com modelagens mais favoráveis ao mercado, o programa prevê gerar investimentos de cerca de 45 bilhões de reais em setores como energia, petróleo e gás, logística e saneamento.
Em meados de março, o governo federal vendeu com ágios elevados concessões dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis, em um leilão que arrecadou 3,7 bilhões de reais. Já no final de abril, o governo promoveu leilão de construção de linhas de transmissão de energia que previa investimentos de 12,7 bilhões de reais.