Texto e foto de Valéria del Cueto
É de lei um registro sobre as eleições. Sem muito prazer pela constatação de que a política está tão degradante quanto a sociedade que ela representa. O que estamos acompanhando é um show de horrores.
O tempo e a História nos levam à constatação que as crises são cíclicas. A gente não aprende! Parece que foi ontem que o país se encantou com um “Caçador de Marajás”. O mesmo que depois de eleito sequestrou as contas bancárias da população.
Motivo extra para, reconhecendo a extrema necessidade de não me omitir diante dos fatos e desempenhando o papel de jornalista cidadã, fazer o alerta de sempre sobre o poder do seu voto, e-leitor. Quantos textos já produzi antes de eleições? Sei lá… Me mantenho fiel a norma de pecar por excesso, não por omissão. Sim, sua escolha tem poder e consequências.
As pesquisas indicam que boa parte do eleitorado ainda não escolheu seu candidato, especialmente para vereador, aquele que o representa na Câmara Municipal. O encarregado de fiscalizar a atuação do poder executivo, representado pelo prefeito, e fazer as leis que regem o município.
Muitos podem ser os pesos que o eleitor coloca na balança para fazer sua escolha. Experiência, juventude, gênero? Projetos? Segurança (que não está na municipal), saúde, educação, transporte, saneamento…
Tenho certeza que em qualquer lugar do Brasil o povo tem sentido na pele as ondas de calor que assolam o continente (entramos na oitava desse ano). A atual é um alerta amarelo que abrange partes do Sudeste, o Centro-Oeste e o Paraná, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia. Com queda da umidade relativa do ar, lógico. Nuvem de fuligem, também.
Baseada nessa sensação que não nos deixa, pensei que a questão do clima estaria entre os quesitos que os eleitores iriam pesquisar. Vamos tomar por exemplo Cuiabá. A capital de Mato Grosso. Ela já foi a Cidade Verde, com suas mangueiras sombreando os quintais. Sua alcunha hoje é Cuiabrasa.
O que fazer para minimizar os efeitos, por exemplo, da arquitetura contemporânea da metrópole que se projetou verticalmente usando e abusando de vidros e janelas espelhadas, as que refletem… a luz do sol?
Quando comecei o treinamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a ABRAJI, “Eleições e Jornalismo Ambiental” mergulhei numa caixa de ferramentas para analisar e combinar bases de dados para pesquisar, entre outros itens, a evolução da degradação (sim, degradação) ambiental.
Claro que meu foco é Mato Grosso, o estado com três ecossistemas, o Cerrado, a Amazônia e o Pantanal, como já destacava em vídeos e filmes que produzi enquanto tive uma base por aí. Não dá para ficar impassível quando o estado é o campeão de queimadas em setembro, com mais de 18 mil focos de incêndios, por exemplo.
Entre as opções de consulta conheci a plataforma “Vote pelo clima”. A iniciativa visa dar visibilidade a candidaturas que se comprometam em enfrentar as mudanças climáticas nas cidades. Transporte, mobilidade, gestão de resíduos, transição energética, adaptação e redução de desastres… Várias linhas de atuação podem ser pesquisadas no banco de dados por estado, cidade, partido, etc. A inscrição de candidaturas é liberada.
Aí, chegamos ao empurrãozinho que faltava para que eu desenrolasse esse texto pré-eleição. Foi um choque verificar a adesão dos candidatos a prefeitos e vereadores de Mato Grosso na plataforma. Prefeitos? Nenhum. Vereadores? Dois de Cáceres, dois da Chapada dos Guimarães, um de Cuiabá, Rondonópolis e Tangará da Serra. Duas mulheres, cinco homens. Três candidatos do PT, um do PV, PDT, PSD e PCdoB. E só.
Ainda dá tempo de colocar um foco nos requisitos climáticos na hora de escolher seus candidatos. Cobrar deles algo mais que a promessa de sempre de plantar mais árvores em sua cidade. O tempo é pouco para ações efetivas que mitiguem os efeitos dos danos que nos levaram à situação quase irreversível que vivemos.
Vote certo! Boa sorte, eleitor. Sente o clima…
O link do Vote pelo Clima: https://votepeloclima.org/