Cidades

Sala de memória será nova atração para moradores de Mimoso

O distrito de Mimoso, em Santo Antônio do Leverger (a 70 km de Cuiabá), ganhará uma sala de memória que vai retratar a convivência de Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon com a comunidade. O apoio do Governo do Estado ao projeto possibilitou a doação do mobiliário pela Embaixada da Nova Zelândia no Brasil, que incentiva iniciativas como essa. Desde quarta-feira (21.10) oficinas sobre educação socioambiental, patrimonial e turística em comunidades tradicionais do Pantanal mato-grossense são realizadas no distrito. 

Durante a cerimônia de abertura da oficina, a assessora de Assuntos Internacionais do Gabinete de Governo, Rita Chiletto, representando o governador Pedro Taques, afirmou que desde a elaboração do plano de governo a preocupação já era de buscar as riquezas de Mato Grosso, ressignificar e levar ações com potencial para transformar as comunidades dentro de um novo modelo econômico, baseado na preservação. 

Ela lembrou que durante a visita da Embaixada da Nova Zelândia ao governador, em abril deste ano, o país parceiro apresentou a disponibilidade de apoiar projetos em Mato Grosso relacionados à educação e preservação de comunidades tradicionais. Por meio Núcleo de Ações Voluntárias (NAV), o Estado buscou projetos em educação que se encaixassem no modelo de apoio da embaixada. 

Assim, o projeto para criação da sala de memória idealizado pelas professoras da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Jocenaide Rossatto e Onélia Carmem Rossatto foi selecionado para o programa neozelandês. “O resultado começa a dar resultado hoje. Para a comunidade é muito importante, isso tudo se torna válido a partir da presença da comunidade e do desejo de que essas coisas aconteçam. O futuro se constrói a partir dessa vontade, nós estamos aqui para auxiliar, buscar recursos para a capacitação técnica”, disse Rita. 

Para o senhor Antônio Moraes, o Seo Fióte, que mora em Mimoso desde 1978, a construção da sala de memória no antigo posto telefônico da comunidade tem grande significado para o povo mimosiano. Ele lembra que a estrutura que abriga o posto foi entregue durante a gestão do governador Frederico Campos, com a participação do então-ministro das Comunicações, Aroldo de Matos, devido à importância histórica do momento. Entretanto, ao longo dos anos o posto acabou sendo abandonado. 

Conforme ressaltou Rita Chiletto, a partir de agora a comunidade deve estar preparada para receber os turistas que serão atraídos para lá com a execução do projeto. Por isso, os moradores de Mimoso receberam na quarta-feira (21.10) a oficina Diagnóstico Socioambiental Participativo, ministrada pela professora Onélia Carmem. Já nesta quinta-feira (22.10) os mimosianos vão receber Oficina de Educação Patrimonial, Turística e Socioambiental, sob a coordenação da professora Jocenaide Rossetto. 

Afeto e amizade 

A visão de Marechal Rondon como líder pantaneiro, a paixão pela terra natal e o respeito de seu povo despertou as duas professoras para a criação da sala de memória. “Marechal foi um grande herói nacional, com reconhecimento internacional pelo seu trabalho. Mas acima de tudo foi um homem extremamente afetuoso com o seu povo e isso que nós queremos mostrar na nossa sala de memórias. As pessoas de Mimoso guardam essas lembranças e vão passando de geração em geração, é isso que nós queremos mostrar. Descobrimos um outro Rondon, que mandava cartas aos amigos, que chorou a morte dos seus pais, da sua esposa”, disse Jocenaide. 

Elas destacam que a maioria das pessoas que moram em Mimoso é “parente” de Rondon, sendo beneficiados com a partilha das terras pantaneiras. Partindo disso, alunos dos cursos de história e geografia dos campi da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em Cuiabá e Rondonópolis passaram a catalogar esse material. “Por onde Rondon passava ele fazia amigos e buscava sempre colocar as correspondências em dia, com isso nós conseguimos várias cartas, até mesmo no município de Poxoréu”. 

Carmem afirma a partir de 2012 foram feitas diferentes pesquisas no distrito, como de cultura viva para conhecer até onde Mimoso pode contribuir com a educação de seu povo. Também houve o despertar para a questão do turismo, uma vez que o Governo do Estado trabalha na construção do Memorial Marechal Rondon na comunidade, o que deve elevar o número de visitações à terra natal do Patrono das Comunicações no Brasil. Para a professora, também é o momento de levantar a discussão sobre saúde, segurança e educação do povo mimosiano. 

As oficinas promovidas no distrito tiveram o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec) por meio da secretaria-adjunta de Turismo. O superintendente de Estrutura do Turismo, Reinaldo Vaz Guimarães, afirmou que o governo retomou a obra de construção do Memorial no início do ano com o compromisso de entregar definitivamente em 2016, destacando o bom andamento da construção que está na fase final do revestimento. “Agora vamos entrar em terceira fase que é a busca pelo envolvimento da população de Mimoso”, avaliou. 

A Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel) também participou do evento. O coordenador de Interiorização da Cultura, Anderson Flores, garantiu que pasta está aberta ao diálogo para ajudar na preservação da memória de Rondon e do povo mimosiano. A secretaria também deve participar das próximas atividades do grupo. 

No dia 18 de novembro Mimoso receberá uma comitiva da Embaixada da Nova Zelândia no Brasil para a entrega do mobiliário que será usado na sala de memória. 

(Assessoria)

Redação

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