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Operação em favela de Niterói, onde idosa morreu tem PMs feridos

Rua Quintino Bocaiúva, para onde casal foi guiado por GPS, fica no Caramujo (Foto: Reprodução / Google)

Dois policiais militares foram hospitalizados após serem picados por abelhas durante operação que acontece nesta tarde desta segunda-feira (5) no Morro do Caramujo, em Niterói, na Região Metropolitana no Rio. Os dois foram encaminhados para o Hospital Azevedo Lima, no Fonseca, e receberam alta.

Inicialmente, a sala de operações do 12º BPM informou que os policiais haviam sido baleados. Mais tarde, o coronel Fernado Salema, comandante do batalhão, disse que eles foram hospitalizados após serem picados por abelhas durante incursão na mata para fazer busca pelos bandidos.

Ainda segundo o comando do 12º BPM, houve tiroteio quando traficantes da comunidade atiraram contra os policiais, que reagiram. Não houve registro de feridos, presos ou apreensões e o policiamento segue reforçado na região por tempo indeterminado.

Casal atacado
A operação acontece dois dias depois de um casal de idosos ser atacado a tiros ao errar o caminho e entrar na comunidade. Regina Múrmura, de 70 anos, morreu após levar dois tiros.

O empresário Francisco Múrmura, de 69 anos, marido dela, sobreviveu. Segundo a polícia, ele pode ter sido salvo por castiçais de prata que estavam na mala do seu carro quando o mesmo foi atingido diversas vezes por disparos de criminosos.

“Eles estavam na mala há uma semana, pois eles iam levar para dar um banho de prata. Três disparos atingiram os castiçais”, afirmou a filha do casal Renata Múrmura, de 43 anos, destacando que os objetos estavam na mala do carro na mesma direção do banco do seu pai.

O casal havia acabado de entrar na rua, quando foi recebido a tiros por criminosos. Eles iam ia do Rio para Niterói e colocaram o endereço de destino no aplicativo de navegação por GPS Waze. Em vez direcioná-los para a Avenida Quintino Bocaiúva, em São Francisco, eles foram levados à Rua Quintino Bocaiúva, dentro da favela do Caramujo, onde foram recebidos a tiros. A Divisão de Homicídios de Niterói está investigando o caso.

Segundo Renata, ela chamou os pais para comer uma pizza em Niterói para depois pegar a neta do casal, que estava em um restaurante japonês com as amigas. “Não sei porque minha mãe resolveu colocar no aplicativo. Ela nunca usava. Eles vieram um pouco na frente e nos falamos o tempo todo por whatsapp. A última vez que ela falou comigo estava descendo a ponte”, lembra Renata.

O pai de Regina, que atualmente tem 93 anos, ainda é vivo e não sabe da morte da filha. A família ainda não decidiu se contará para ele o que ocorreu.
“Ainda está tudo muito sem sentido. Meu avô é muito idoso e mora em São Paulo. Vamos sentar para conversar sobre o que faremos”, disse Renata, ressaltando que não sabe como será a vida da família daqui para frente. “Somos uma família pequena. Sou eu, minha irmã, cinco netos e um bisneto. A relação dos meus pais era linda. Eles não eram um casal, era uma pessoa só”.

‘Se impõem pelo terror’, diz coronel sobre criminosos
A falta de respeito com moradores da comunidade, a violência e agressividade sem limites e a irresponsabilidade fazem parte do perfil do grupo criminoso que comanda o conjunto de favelas do Caramujo.

Segundo o comandante do 12ºBPM (Niterói), coronel Fernando Salema, esses criminosos assumem os postos na hierarquia do tráfico cada vez mais jovens. ”Essa garotada se impõem pelo terror. Eles não têm respeito por absolutamente nada”, afirmou Salema.

Ainda segundo o comandante, o tráfico da região atrapalha, principalmente, a vida dos moradores da comunidade. “As barricadas que eles colocam só atrapalha a vida dos moradores. O trabalho da polícia é feito de qualquer forma”, disse Salema, referindo-se ao fato do casal de idosos moradores da comunidade que desapareceram após, supostamente, terem retirado uma barricada colocada por traficantes em frente à casa deles.

Edvaldo Evans Brito Correa, de 70 anos e Jane Correa, de 72, teriam sido retirados à força de casa por ordem do chefe do tráfico, Rodrigo da Silva Rodrigues, conhecido como Tineném. O disque-denúncia oferece recompensa de R$1 mil para quem der informações que levem até o criminoso. A quadrilha de Tineném também é suspeita de ter matado a idosa ReginaMúrmura.

Idosos teriam sido sequestrados por quadrilha
A polícia investiga a participação de pelo menos seis traficantes no desaparecimento do casal de idosos que mora no Morro do Caramujo, na última terça-feira (29). De acordo com a polícia, quatro suspeitos já foram identificados e todos fazem parte da quadrilha que comanda o tráfico de drogas no Morro.

O desaparecimento do casal já é tratado pelos investigadores como um caso de homicídio. Edvaldo e Jane Correa moravam na localidade conhecida como Cova da Onça e, segundo os vizinhos, eles teriam retirado uma barricada montada bem em frente à casa deles, mas os criminosos não gostaram.

“Eu soube que eles [os criminosos] botaram uma barricada para a polícia não subir. Em frente à casa dele. Aí o filho dele foi e tirou. Tirou e foi trabalhar. E quem veio foi ele. Então, parece que foram buscar o filho, aí não encontraram aí pegaram ele como retaliação né? Só pode ter sido isso, porque nem aqui ele estava. E eu soube por amigos da gente que moram nas proximidades que o primeiro a ser atingido foi ele. Ele levou uma coronhada muito forte e gritava muito. Aí a esposa dele, veio acudir e pegaram os dois e levaram. Provavelmente devem ter levado eles já mortos já”, disse uma testemunha que preferiu não ser identificada.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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