Texto e foto de Valéria del Cueto
Esse ano não consegui acompanhar as escolhas dos sambas para o Carnaval 2025 nas quadras. Não compareci em nenhuma delas nas finais.
O Paraíso do Tuiuti, primeira escola a apresentar seu samba sobre o enredo “Quem Tem Medo de Xica Manicongo?”, preferiu fazer uma encomendada aos compositores Cláudio Russo e Gustavo Clarão. Das outras onze escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro, zapeei nas finais transmitidas ao vivo pelo streaming.
É a mesma coisa? Certamente que não. Mas supre a carência de foliões do Brasil e do mundo interessados na emoção de ver as acirradas disputas. As transmissões, principalmente das finais, são uma forma de expandir o alcance da onda da folia e furar a chamada bolha carnavalesca.
As lives são perfeitas? Certamente que não. É um “tour de force” dos responsáveis pela captação e geração do material. Acontecem em espaços variados espalhados pela zona metropolitana. Nas quadras de se desenrolam por semanas as eliminatórias, até a grande final.
Tecnicamente é quase impossível garantir um resultado homogêneo já na largada do planejamento e produção dos eventos. Diferentes arquiteturas, variadas condições acústicas, de iluminação, cada escola com um roteiro e uma direção artística personalíssima.
O básico: shows dos segmentos, apresentações dos sambas, intervalo para fechar o escolhido e, finalmente, o anúncio tão esperado do hino do ano. A estrutura pode ser semelhante, mas as peculiaridades são muitas. Os resultados não são lineares. Cada roteiro é um roteiro. O mesmo ocorre com a ocupação dos espaços dos shows. A maior parte se desenrola no palco ou numa área demarcada da quadra emoldurada por uma intensa iluminação cenográfica.
Registrar tudo isso é um trabalho hercúleo que, com o passar dos anos, tende a se aprimorar cada vez mais, valorizando este período tão importante na dinâmica do calendário carnavalesco.
Claro que nada substitui a energia única que une a quadra de uma escola de samba no movimento do anúncio do samba. Mas pra quem não tem tu, vai tu mesmo.
Agora as atenções se voltam para os resultados das gravações da @RioCarnaval das composições com os intérpretes oficiais, componentes dos carros de som, coros e ritmistas das agremiações. Nelas já aparecem algumas bossas das baterias, a base do que irá para avenida no carnaval em março de 2025.
Os preparativos estão a todo vapor. Os calendários de mini desfiles da Cidade do Samba, que comemoram o Dia Nacional do Samba, de 29 de novembro a 01 de dezembro, no início de dezembro, e dos ensaios técnicos, em fevereiro, definidos. Em 2025 estão marcados dois ensaios técnicos de cada escola do Grupo Especial.
Como a segunda rodada acontece inteirinha no fim de semana que antecede a folia para que, nesses quatro dias, todas as agremiações possam fazer testes de luz e de som (antes eram apenas as mais bem colocadas), já estou pensando em como realinhar minha ordem de trabalho.
Vai ser preciso programar a produção detalhadamente. Não pelo período na pista em si, mas para sistematizar e editar o material para os parceiros. O restante das imagens e vídeos que, para mim é ouro, fica para depois. Até para pensar depois. Daqui a pouco.
No momento o empenho é em ouvir e decorar os 12 sambas da elite do carnaval 2025. É nessa viagem que começo a escolher os “portos” onde pretendo ancorar as lentes da câmera, definindo os melhores momentos para captar a emoção do povo do Samba.
Como faz isso? Cantando os sambas e sentindo onde eles tocam o coração. Quando acabar essa etapa faço o mesmo com as escolas da Série Ouro. Se pudesse faria também com as menores, as que desfilam na Intendente Magalhães. Mas não tenho, nem teria, tempo para produzir as matérias e as fotos que distribuo para o jornal e os queridos parceiros que reproduzem o material do carnavalerio.com.
Para terminar o texto deixo uma pergunta para você leitor: sabe a quantos carnavais mantenho e desenvolvo essa rotina maluca, que só uma paixão avassaladora sustenta?
Pois é…