Jurídico

Judiciário encaminha adolescentes para capacitação profissional

Cerca de 40 adolescentes estão matriculados no curso de operação de computador, oferecido na unidade do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), no bairro Distrito Industrial, em Cuiabá. Eles foram encaminhados pela Justiça da Infância e Juventude, que visa não somente punir, mas também proporcionar uma mudança de vida para esses jovens.

Juntamente com as aulas, esses adolescentes, entre 14 e 17 anos, também recebem, gratuitamente, o material escolar, o uniforme e o passe livre estudantil. Atualmente, estão sendo formadas duas turmas (matutina e vespertina). O curso tem carga horária de 160 horas e engloba conhecimento de informática básica, pacote Office, elaboração de currículo, etc. A entrega de certificados ocorrerá em dezembro.

De acordo com a gestora da Central de Medidas Socioeducativas (Cemso) da 2ª Vara Infracional da Infância e Juventude, Alciane Rodrigues Alves, ao responderem por infrações penais, os menores são obrigados a frequentar a escola. Os que respondem à sentença em liberdade são encaminhados para o curso e passam por outras atividades, como acompanhamento psicossocial, constelação familiar. Aqueles que estão no ensino fundamental podem ter que prestar serviços comunitários não remunerados, uma vez por semana, geralmente em instituições públicas. Já os que estão no ensino médio têm a possibilidade de fazer um estágio remunerado no Fórum de Cuiabá.

“A Justiça hoje é mais humana. A gente quer humanizar o tratamento com o jovem, ver também o lado deles, não é só ver um lado. A Justiça não é apenas punitiva, é restaurativa, o que significa que a Justiça está mudando o olhar com relação à sociedade e isso é bom pra todo mundo”, avalia Alciane.

Como forma de garantir essa mudança na vida dos adolescentes em conflito com a lei, em seu dia-a-dia, eles são acompanhados pelos agentes da infância. Por exemplo, diariamente um agente vai até o Senai para verificar os alunos que estão frequentando o curso. Evaldo Vitório é agente de infância há quase 20 anos e avalia positivamente a parceria do Poder Judiciário com o Senai. “É maravilhoso porque dá uma direção diferenciada. É um trabalho a longo prazo. Muitos não tem paciência porque, por serem adolescentes, eles querem tudo pra agora, mas, dando carinho, atenção, tratando com respeito e educação, o retorno é gratificante”, assegura.

Conforme a gerente da unidade Senai no Distrito Industrial, Dayanni Rossetto, o curso de operação de computador faz parte do projeto “Bom Começo”, oferecido pelo Senai em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci). Dentro desse projeto, o Senai reserva algumas vagas para os menores encaminhados pelo Judiciário.

Rossetto observa que o curso permite que os jovens se preparem para o mercado de trabalho e para a ressocialização. “O comportamento acaba mudando porque aqui eles aprendem também a ter um pouco mais de cidadania e ética, através das aulas com os nossos professores, permitindo a eles a ressocialização na sociedade”.

Um adolescente de 16 anos, surdo, que faz o curso do Senai graças ao encaminhamento do Judiciário, contou, através de sua mãe, que se comunica em libras, que pretende começar a trabalhar. “Ele disse que a vida dele vai mudar, que ele está gostando e que ele está feliz”, traduziu a mãe, Angélica Brito da Cruz, 30.

Disposta a ajudar o filho a ter um futuro melhor, ela faz questão de ir às aulas junto o rapaz e reforça a importância de que todos os pais estejam presentes na vida de seus filhos. “Eu creio que os filhos precisam dos pais. Pelo menos um tem que estar ao lado deles pra acompanhar, pra estar dando orientação, pra eles verem que não estão sozinhos, que têm alguém do lado e que são os pais, dando força pra eles em todo momento”, enfatiza.

Redação

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