Novos tipos de relacionamento surgem a todo momento graças à internet e à facilidade de contatar pessoas que estão a milhares quilômetros de distância. É para facilitar essa aproximação de dois mundos que foi criada a plataforma de relacionamento sugar Meu Patrocínio. O conceito dos tradicionais sugar baby e sugar daddy consiste em unir jovens ambiciosos, com metas de vida pessoais ou profissionais, a pessoas mais experientes que, por sua vez, buscam parceiros decididos, determinados e também com beleza física.
Apesar disso, o relacionamento não é uma negociação, mas uma relação honesta e transparente em que ambas as partes esclarecem o que esperam um do outro. É assim que a fundadora e CEO do Meu Patrocínio, Jennifer Lobo, define a relação. Para ela, o relacionamento sugar nasceu para que pessoas determinadas não percam tempo com relações sem futuro. "Afinal, não é mais fácil se relacionar quando se tem certeza de que o parceiro tem a mesma ambição que você?", questiona ela, pragmaticamente.
O Meu Patrocínio chegou ao Brasil de forma pioneira, em novembro de 2015, e hoje é um dos maiores sites do segmento. Atualmente, conta com mais de 500 mil pessoas cadastradas. Apenas em Mato Grosso, o número é de mais de 11,1 mil usuários, sendo que 89% desse público se enquadram como sugar babies, que pode ser homem ou mulher dispostos a serem sustentados.
Em entrevista ao Circuito Mato Grosso, a CEO explicou os conceitos do relacionamento, abordou tabus e o passo a passo para se tornar um sugar. A fundadora também comentou seu livro “Como conseguir um homem rico”, no qual dá dicas para que os leitores consigam atrair pessoas com a personalidade desejada.
Circuito MT: O que é um relacionamento sugar?
Jennifer Lobo: O relacionamento sugar é um relacionamento que tira o tabu das finanças. Você fala o estilo de vida que você quer desde o início, é transparente e honesto. Se você quer só curtir ou quer casar, qualquer coisa. Você pode ser objetivo e ter metas claras desde o início. Não tem que fingir nada. Pode ser completamente transparente.
CMT: Quais são as vertentes desse relacionamento sugar?
JL: Existem diferentes tipos de cadastro dentro desses relacionamentos. Tem o sugar daddy e o sugar mommy. Quem são essas pessoas? São pessoas mais maduras. Normalmente, são empresários, pessoas bem-sucedidas, que têm pouco tempo para gastar. Eles são objetivos, determinados, principalmente generosos. São generosos não só na questão financeira, mas com tempo, com carinho etc. Tem também o sugar baby, que pode ser masculino ou feminino. São pessoas que buscam um sugar daddy ou sugar mommy, são pessoas jovens, ambiciosas, inteligentes e também com metas claras e objetivos na vida. Eles sabem aonde querem chegar e qual o tipo de relacionamento desejado.
CMT: De onde surgiu a ideia de trazer esse estilo de relacionamento para o Brasil?
JL: Ah, eu sou americana. Lá mesmo tem cem… Tem diferentes sites desse tipo. É muito comum lá. E eu estava em Nova Iorque, trabalhei com diferentes mídias. Eu nunca pensei que iria mudar para o Brasil e ter um site de relacionamento sugar, mas eu já estava vendo isso há muito tempo, pesquisando e entendendo o conceito. Só que houve uma sinergia que aconteceu e eu mudei para o Brasil e tudo deu certo. Eu vi que sites de relacionamento estavam bombando e não tinha esse nicho que falava sobre finanças, com diferença de idade, como o relacionamento sugar. Já estava acontecendo, mas ninguém no Brasil falava, então eu vi a oportunidade.
CMT: Quando pensou em trazer esse conceito americano para o Brasil, você considerou que o país é um pouco mais conservador que os EUA?
JL: Os americanos são mais diretos e aqui é menos. Mas, olha, se você vai a um restaurante, vai a um bar ou uma festa, você já vê esse tipo de relacionamento, só não tinha um rótulo aqui ainda. Isso já estava acontecendo desde o princípio da relação de homens e mulheres. Então, eu sabia que tinha um mercado em que pessoas queriam se conhecer, e eu só criei a plataforma de tecnologia na qual essas pessoas que querem o mesmo estilo de vida podem entrar lá e se conhecer.
CMT: Seria uma coisa cultural?
JL: Eu acho que ninguém falava direto sobre isso. Estava acontecendo desde o começo do mundo, mas não se falava. Eu acho o relacionamento sugar do Meu Patrocínio um relacionamento tradicional, em que tem o homem, normalmente mais velho, que é o provedor, mas é num jeito mais moderno, online. E aí tem a sugar mommies também. Então é uma coisa tradicional, só que com um jeitinho mais moderno.
CMT: Acontece de confundirem o mundo sugar com prostituição?
JL: Tem um preconceito quando se fala sobre relacionamento e dinheiro. É uma barreira que nós sempre tivemos. Mas quando realmente se conhece o relacionamento sugar, eles vêm que não é isso. O Meu Patrocínio não deixa isso acontecer no site. Por isso também temos uma fila de espera. Temos nossos termos e condições, temos formas de denúncia. O Meu Patrocínio é um site de relacionamento. Não é um lugar para esse tipo de serviço e você vai ser banido se tentar fazer isso. Tem vários lugares pelo Brasil inteiro que, se você está procurando isso, você pode ir. Não precisa entrar num site de relacionamento e pagar uma mensalidade. Você só está perdendo tempo tentando fazer isso no site, porque não é o objetivo.
CMT: E com acompanhante de luxo?
JL: Eu acho meio hipócrita quando pessoas tentam comparar o relacionamento sugar com esse tipo de coisa, porque, no fim, as finanças são parte de um relacionamento. Fingir para si mesmo, fingir no relacionamento que finanças não fazem parte só traz problemas, porque, sim, vai fazer parte em algum momento. Está fazendo parte todo dia, mas você não teve problemas ainda para discutir isso. Tem muitas pessoas que casam e nunca falaram sobre dinheiro. Tipo, você casa e vê que ele tinha R$ 50 mil em dívidas de cartão e você tem suas coisas, e quando olham juntos têm R$ 100 mil de dívidas e estão tentando começar uma vida juntos. Eu digo: não vai dar. Então você tem que discutir sobre dinheiro. É muito mais fácil se você já sabe isso. Por que não começar um relacionamento já falando sobre o que você quer e suas expectativas? Você vai poupar 57% dos seus problemas. Aí dizem: “isso é ser interesseira”. Não! Isso é porque você se valoriza, valoriza seu tempo e sua vida e você tem metas claras e não vai perder tempo com alguém que não quer a mesma vida que você.
CMT: E na plataforma, qual é o maior público?
JL: Na plataforma inteira há mais mulheres. Há seis vezes mais mulheres do que homens, falando em sugar babies femininas procurando sugar daddies. É que, obviamente, tem muito mais mulher querendo homens bem-sucedidos. Então, é normal.
CMT: Por que uma mulher quer estar com um homem bem-sucedido?
JL: Porque eles são inteligentes, carismáticos, bem resolvidos. São todas as qualidades que fazem um homem se tornar bem-sucedido que atraem as mulheres para querer estar com ele. É diferente você querer ter um relacionamento saudável e querer pagar alguém pra te acompanhar e dormir com você. Você tem que ter química e afinidade. O sugar não é só sobre dinheiro. É um pacote do homem.
CMT: Você já experimentou uma plataforma para relacionamento sugar?
JL: Eu realmente tenho um site de relacionamento, mas nunca entrei em um (risos). Mas eu já tive relacionamento sugar, mesmo quando eu não sabia qual era o conceito. Eu me formei com 20 anos, lá nos Estados Unidos dá para terminar mais rápido. Depois eu me mudei para Nova Iorque, tinha um emprego, um apartamento. Eu digo: o que é que eu ia fazer com alguém com 20 anos? Eu estava crescendo na minha carreira, bem rápido, tive oportunidades, não tinha química e afinidade com garotos de 20 anos que estavam na faculdade. Eu era mais madura, tinha mais experiências, tinha minha própria vida e mais responsabilidades. A minha preocupação era completamente diferente da de um homem de 20 anos. Eu não tinha nada a ver com gente da minha idade. Então, só foi coincidência que depois eu vim para o Brasil e consegui criar a plataforma.
CMT: E por que uma pessoa iria querer ser sugar?
JL: Uma coisa que é transparente e clara é que 57% dos relacionamentos terminam por causa de finanças. Então, faz sentido. Uma coisa que é muito tabu é falar sobre dinheiro. Mas você está gastando dinheiro desde que você acorda, com a pasta de dente que você comprou, até quando você vai dormir. Então, se você não quer o mesmo estilo de vida, ou se você não gasta do mesmo jeito – por exemplo, alguém quer gastar em viagens, mas a outra quer um carro. Uma pesquisa do Serasa mostra que as brigas são maiores quando são por dinheiro. Causa muito estresse. As pessoas fingem, falam que o amor vai superar tudo, mas não vai. Se você quer uma coisa e não consegue, você vai ficar frustrado, então vocês têm que ter os mesmos objetivos, querer as mesmas coisas, precisam querer chegar ao mesmo lugar. Se não, o casal só briga e passa a ter um monte de problemas. Então, se você quer facilitar, eu recomendo se cadastrar no aplicativo do Meu Patrocínio. Muitos desses sugar daddies são bem-sucedidos, eles não têm muito tempo para gastar e não vão frequentar as baladas. Já passou do tempo. Eles não ficam saindo toda noite. Então uma plataforma online é o caminho mais fácil para encontrá-los.
CMT: Você mencionou as sugar mommies. Como é essa vertente?
JL: Há muito menos sugar mommies que sugar daddies, mas isso é no mundo real também. Se você pensar quantas mulheres estão com homens mais jovens e são bem-sucedidas… Porque você pode ser uma sugar baby e ser bem-sucedida, mas não é porque você é bem-sucedida, que trabalha, que ganha bem, que quer estar com alguém mais jovem e ser provedor do relacionamento. Talvez ela ainda queira ser sugar baby. Mas tem muito, muito sugar baby masculino procurando sugar mommies.
CMT: Tem alguma faixa etária específica no perfil?
JL: Então, em cada país é diferente. Sinceramente, no Brasil, todo mundo pensa que vai ser um homem de 60 anos com garotas de 19, mas, na realidade, a média de idade de sugar daddies no Meu Patrocínio é de 42 anos e de sugar babies é de 26. Então nem é muita diferença.
CMT: E como faz para ser um sugar?
JL: Não necessariamente você precisa estar num site para ser um sugar baby ou sugar daddy, mas, obviamente, se você quer esse tipo de relacionamento, o site facilita que você consiga. Você vai entrar numa plataforma em que você sabe que todo mundo ali quer a mesma coisa. Todo mundo que está lá pensa como você pensa, tem as mesmas metas e objetivos, e você consegue pesquisar entre as pessoas que querem o mesmo tipo de relacionamento que você.
CMT: Há alguma relação contratual?
JL: Como 50 tons de cinza? (risos). Não, não. Somos uma plataforma de tecnologia em que pessoas que querem o mesmo estilo de relacionamento podem se conhecer e, depois, passem ao mundo virtual, onde é muito mais fácil e rápido, sem essa barreira de onde você está no mundo. E depois mudar para o mundo real, viver o relacionamento no mundo real. E pra nós funciona porque cada casal que sai traz mais dois ou três, porque indicam que deu certo, já que foram honestos desde o início. É muito mais fácil achar alguém assim do que fingir que você é alguém que não é, só para entrar num relacionamento, e depois se mostrar de verdade. E aí você descobre que a pessoa não é quem você pensou que era.
CMT: Como funciona o cadastro no site?
JL: Você primeiro tem que ler os termos e condições. Lá você entende o que é o relacionamento sugar, vê as regras da comunidade e já sabe o que pode fazer ou não. Depois você se cadastra. Escolhe se você é sugar daddy, mommy ou baby, homem ou mulher e o que busca. Temos também o Meu Patrocínio gay, então você pode montar a combinação que quiser. Todos os cadastros pedem cor de cabelo, altura, peso, medidas, essas coisas. E também, nós pedimos que você saiba claramente o que você quer, porque você está num site de relacionamento, está conhecendo pessoas, fica na dúvida e depois não consegue encontrar. A diferença no cadastro vem depois. Para os daddies e mommies, você tem que anunciar o estilo de vida que você vai investir no relacionamento, porque é bem diferente para você ir para o Rio no final de semana ou ir para a Grécia ou Ásia, e, obviamente, se você vai de primeira classe ou econômica. Tudo isso envolve dinheiro, então tem que ter um número lá dizendo o quanto você vai investir em viagens, jantares, no seu relacionamento em si. Os sugars daddy e mommy também colocam lá o patrimônio e a renda. Depois disso, você coloca suas fotos. Nós verificamos perfil por perfil, então não adianta colocar foto de artista, tem que ser fotos reais, se não, você não será aprovado. A gente precisa comprovar que você é real. Depois que você termina o cadastro, que é meio longo, mas é completo, você entra na fila de espera, quando o perfil é verificado. Depois você é aprovado.
CMT: Por que vocês pedem a renda?
JL: Porque o que é ser rico para mim é diferente do que é pra você. Porque a riqueza é relativa entre as pessoas, como 10 mil é muito para uma pessoa e pouco para outra. É muito importante que você escreva bem claro o que é que você busca no relacionamento. Quer curtir? Beleza. Quer casar? Fala. É só falar o que você quer. Você pode colocar todos os seus desejos que vai ter alguém que se encaixe no seu perfil. Talvez não na sua cidade, mas num outro local. Você não está preso só no que está perto de você. Talvez o amor da sua vida esteja em outro lugar.
CMT: Vocês filtram esses cadastros por perfil do usuário?
JL: Olha, qualquer pessoa pode se cadastrar. Só não pode usar fotos falsas. Não pode tampar o rosto, porque óbvio que queremos que tenham sua privacidade, mas, se você está se apresentando em um site de relacionamento, não deveria se esconder. Também não pode muito photoshop, porque às vezes as pessoas reclamam que a pessoa chega ao encontro e era tudo edição, que não parece a mesma menina. Os homens não fazem muito isso, porque são mais velhos e não perdem tempo, mas é uma coisa que indicamos para as meninas. Tem que ser honesto, se você vai ter um relacionamento, ele vai ver você todo dia, então não precisa mostrar uma coisa falsa.
CMT: É cobrado algum valor para os usuários do aplicativo?
JL: O perfil é sempre gratuito para sugar babies. Para os sugar daddies e mommies, eles recebem dez mensagens grátis para testar a plataforma, ver que todo mundo é real e conhecer. Depois devem pagar uma mensalidade. Tem o membro premium, que é R$ 199 por mês ou o elite, que é R$ 1.000. No elite, você ganha um selo, tem um destaque maior e ficha de antecedentes criminais consultada. É como o ‘camarote do Meu Patrocínio’.
CMT: Como é a segurança do site para os usuários?
JL: Nós fazemos essa checagem dos membros de elite, que têm os antecedentes criminais verificados. Eles pagam para isso, para mostrar que não têm nenhum problema, que são legais. Nós sempre temos a preocupação com a segurança do site e também com nossos membros. Temos um sistema de denúncia e vai ter uma investigação interna que vai verificar se a pessoa está fazendo tudo certinho ou não.
CMT: A plataforma interfere no relacionamento de alguma forma?
JL: Não. A combinação acontece entre os usuários. É tipo uma plataforma de tecnologia na qual os usuários querem as mesmas coisas e se conhecem. É como se você fosse num bar e soubesse que as pessoas lá são solteiras que querem um relacionamento. Você tem que conversar com muitos, tem um perfil explícito. Então, primeiro você tem que pensar o que você quer, vai ler o perfil do outro e refletir: tem afinidade aqui? Querem a mesma coisa? Então você vê as fotos e decide se vai entrar em uma conversa ou não. Você entra na conversa, começa a se conhecer, passa para o Whatsapp, vai para um primeiro encontro, vê e tem química, afinidade, e vocês começam um relacionamento como qualquer outro, mas já sabendo o objetivo da vida das outras pessoas.
CMT: Você também escreveu um livro sobre relacionamento com homens ricos. A ideia surgiu a partir do site?
JL: Não. Eu gosto de escrever e tive a oportunidade de escrever esse livro. Eu fiz um curso de matchmaker, que é sobre como juntar casais, então tem algumas dicas de lá. Esse livro fala sobre como conseguir um homem rico, mas não só no financeiro, um homem rico em tudo. Rico emocionalmente, de generosidade, de calma, de carinho, de tudo. E eu espero que esse livro consiga ajudar as pessoas, porque muitas pessoas não trabalham elas mesmas.
CMT: E como é a abordagem do livro?
JL: O livro fala basicamente: cuide de você mesmo e, obviamente, você vai atrair as pessoas melhores para você. Começa sobre como fazer um plano de carreira, sobre onde você quer trabalhar, onde quer morar, qual o tipo de corpo você quer ter, o tipo de hobbies, qual vida você quer, marcas que quer usar. Enfim. Porque se você sabe aonde quer chegar você consegue enxergar os passos que vão te levar até lá, consegue enxergar o tipo de homem para você. E depois você começa a ver que para isso você precisa ser a melhor versão de você mesmo. Quando você faz tudo isso e consegue mapear o que você quer para a sua vida, você vai atrair as pessoas que se encaixem melhor com você. Porque, se você não está bem consigo, não vai estar bem com ninguém. Mas se você está bem, você atrai as pessoas que estão bem.