A Secretaria de Estado da Educação divulgou nota nesta quinta-feira (23) na qual classifica como “truculenta, não democrática e inaceitável” a tentativa de invasão à sede da pasta, na Praça da República, no Centro de São Paulo.
O tumulto ocorreu após uma reunião com professores da rede estadual que estão em greve há mais de 40 dias. O encontro terminou sem acordo.
A secretaria diz que apresentou três propostas, entre elas manutenção de uma "política salarial pelos próximos quatro anos com data base em 1º de julho".
Entretanto, a secretaria admite que no encontro não foi apresentado nenhum percentual de reajuste. O sindicato, também em nota, diz que o governo "nada propõe" e desrespeita os professores.
Tumulto e depredação
O tumulto ocorreu depois do encontro de líderes da greve com o secretário Herman Voorwald. Insatisfeitos com o resultado da reunião, os professores decidiram em assembleia continuar a greve e fazer uma passeata por ruas do Centro. Entretanto, um grupo dissidente tentou invadir a sede da secretaria.
A Polícia Militar usou bombas de gás para afastar os manifestantes, que também atiraram pedras contra a fachada do prédio. Ninguém foi preso.
A Secretaria da Educação divulgou imagens registradas de dentro do prédio no momento da depredação (veja acima). Em nota, a pasta afirma que "dezenas de manifestantes quebraram vidros, arremessaram pedras, pedaços de ferro e colocaram em risco funcionários que estavam no interior do prédio".
Os atos de vandalismo ocorreram após sindicalistas convocarem todos os manifestantes para caminhada até a Marginal Tietê, como definido em assembleia. Nesse momento, parte do grupo insistiu em ficar nas escadarias e gritava "não tem arrego".
Manifestantes que seguravam bandeiras, entre elas a do Partido da Causa Operária (PCO), usaram pedaços de metal para tentar arrombar a porta da secretaria.
Após a ação da PM, o grupo deixou a Praça da República, onde fica a sede da secretaria. A caminhada dos professores seguiu pelo Centro acompanhada de agentes da Polícia Militar (PM).
Pouco antes das 15h, o grupo desistiu de caminhar até a Marginal Tietê. Os manifestantes tinham decidido dar a volta na Praça da Sé e retornar para a Praça da República, mas encontraram um bloqueio da PM na Praça João Mendes. Sem acordo com os policiais, os professores decidiram encerrar o protesto.
Propostas e debate
Antes do tumulto, a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, disse que a reunião terminou sem acordo. "Ficamos na mesa duas horas ouvindo não, não é não. A greve continua", afirmou a presidente da Apeoesp.
Os professores reivindicam 75,33% para equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior. O governo do estado diz ter dado reajuste de 45% no acumulado dos últimos quatro anos.
Além disso, a Secretaria de Estado da Educação informa que parte da categoria receberá até 10,5% de aumento de acordo com desempenho em avaliação. Não houve proposta de reajuste geral para toda a categoria.
O sindicato alega que a Secretaria de Estado da Educação acenou com 10,5% de aumento para apenas 10 mil professores que se saíram bem em uma prova, ignorando outros 220 mil profissionais da rede.
Os professores também pedem melhores condições de trabalho. Segundo a categoria, mais de 3 mil salas de aula foram fechadas, o que provoca superlotação das salas de aula restantes. A garantia de direitos para docentes temporários também está entre as demandas dos grevistas.
Fonte: G1