A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu o inquérito que investiga o desaparecimento da estudante de Direito, Lucimar Fernandes Aragão, 41 anos, e indiciou o ex-namorado dela por feminicídio e ocultação de cadáver. O suspeito, de 39 anos, negou os crimes, mas segue detido à disposição da Justiça.
Em checagem no sistema, foi constatado que o indiciado tem um vasto histórico criminal. Ele já foi preso por homicídio – pelo qual já foi condenado pela Justiça, roubo, furto, sequestro e violência doméstica. O suspeito foi detido no fim de janeiro, quando foi localizado na casa de um familiar, em Várzea Grande.
O delegado Fausto Freitas disse, em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (9), que as evidências coletadas no trabalho de investigação indicam que Lucimar foi morta e teve o seu corpo ocultado pelo suspeito. A acadêmica não é vista há oito meses e a Polícia Civil segue com as diligências para encontrá-la.
“Com todo o material coletado é possível concluir a investigação de um crime contra a vida, ainda que não se tenha o corpo ou restos mortais da vítima. É investigação complexa, mas o aparato tecnológico à disposição da Polícia e as evidências encontradas não impedem a responsabilização do investigado”.
No inquérito policial, foram anexadas evidências de que o último sinal real de vida da vítima foi registrado entre a madrugada de 17 para 18 de maio do ano passado.
Conforme registros telefônicos analisados, entre 4h e 5h da manhã, ela fez contato com um amigo dizendo que brigou com o namorado e estava com medo de ser agredida. Outras três tentativas de ligações foram feitas do celular de Lucimar, uma delas para o número 190, ligação que foi interrompida. A partir de então, não se teve mais contato dela.
O suspeito informou aos policiais civis que a vítima teria ido até a casa dele e ao acordar se deparou com ela na porta da residência. Ainda segundo declaração dele, ambos conversaram, se despediram e ele saiu para o trabalho informando que após esse momento, Lucimar não fez mais contato.
As investigações levantaram várias contradições nas declarações do suspeito, que alegou não ter procurado a polícia sobre o desaparecimento da vítima porque ela já teria sumido outras vezes.
O indiciado ainda contou que tentou falar com Lucimar por telefone e aplicativo de mensagens, mas a DHPP apurou que o relato não procede, pois não foram encontradas evidências dessas tentativas de ligação ou envio de mensagens.
O investigado disse aos investigadores que a vítima teria dito que ia viajar para o interior do estado. “Tal informação foi checada pela Polícia, que constatou que a Lucimar não esteve na cidade mencionada. Todos os vestígios encontrados reforçam a convicção de que foi vítima de um crime contra a vida, seguido de ocultação de cadáver”, explicou Fausto Freitas.
Outras informações foram checadas pela equipe do Núcleo de Pessoas Desaparecidas para averiguar a perda de contato familiar da vítima e foi constatado que ela não deixava de manter contato com o filho.
Buscas na casa
A casa da vítima, no bairro Parque Geórgia, pode ter motivado a desavença entre ela e o suspeito do crime. A apuração sobre o desaparecimento constatou que Lucimar tinha informado a um amigo que pediu ao suspeito para sair do imóvel que ela havia comprado, mas que ele havia se negado a deixar a casa.
No imóvel, a equipe do NPD realizou buscas, com mandado judicial, inclusive com escavações para procurar vestígios do corpo da vítima, mas nada foi localizado.
No carro dela que estava na casa, uma caminhonete modelo S10, foram encontrados vestígios de sangue humano, que foi coletado para exame pericial e confronto genético para confirmar se é da vítima ou não. O exame está andamento na Politec.
A casa estava em construção e o rebocamento e pintura de paredes, assentamento de pisos pode ter ocultado vestígios do crime.