O carpinteiro João Paulo Soares, de 26 anos, por exemplo, voltou animado ao trabalho nesta terça-feira, após faltar os cinco dias da greve. "Perdi R$ 1 mil", contabilizou. "Agora é recuperar o tempo perdido. Essa paralisação só me prejudicou" disse o rapaz, que pega o metro no Tatuapé, desce na Barra Funda e depois enfrenta duas horas de ônibus até Brasilandia.
O manobrista Reginaldo José da Silva, de 29 anos, só conseguiu trabalhar 3 dos 5 dias de paralisação. Ele contou ao G1 que deixou de ganhar R$ 140. "Vai faltar dinheiro no final do mês ", lamentou. Silva depende do Metrô para se locomover entre Guaianazes e a Consolação . "Levo uma hora usando o metrô. Em qualquer outro transporte, são quase duas horas. Mas por dois dias nem consegui entrar em um ônibus ", contouA decisão dos metroviários de suspenderem a greve ocorreu após o movimento ser considerado abusivo pela Justiça do Trabalho e 42 funcionários serem demitidos pelo governo. Foram cinco dias de paralisação, a mais longa na história do Metrô.
A greve será reavaliada em assembleia na noite de quarta-feira, véspera do jogo de abertura da Copa do Mundo na cidade de São Paulo. A assembleia foi marcada para as 18h30. Os sindicalistas devem discutir se retomam a greve caso não consigam negociar o cancelamento das demissões.
Propostas
Nesta segunda-feira, três propostas foram apresentadas na assembleia: a continuidade da paralisação, a suspensão até o dia 11 e o fim da greve. Defendida pelo presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino Melo dos Prazeres, a primeira proposta teria uma mudança em relação à principal reivindicação do movimento: no lugar do pedido de reajuste maior, entraria a readmissão de 42 funcionários demitidos por justa causa. A proposta não obteve maioria de votos. Partidários do fim da greve decidiram apoiar a segunda proposta: de suspender até o dia 11 a greve.
Demissões e negociação
A votação ocorreu após os sindicalistas sinalizarem que poderiam acatar a decisão da Justiça e aceitar o reajuste de 8,7%, conforme foi definido no dissídio pela Justiça do Trabalho. Entretanto, o grupo cobrava o cancelamento das demissões. Tanto o governador Geraldo Alckmin quanto o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, descartaram suspender as demissões.Fernandes disse que 42 funcionários foram demitidos.Infelizmente, esses foram os casos mais graves.
Aqueles que vandalizaram, incitaram a população a pular a catraca, aqueles que usaram equipamento de som das estações e dos trens dando mensagens falsas, mensagens abusadas, esses foram primeiro, disse. Fernandes diz ter provas dos atos com filmagens, fotos e testemunhas.Segundo ele, essas 42 demissões já foram processadas e outros 13 casos ainda estão em análise.
Antes, no começo do dia, o governo havia informado que foram 60 demitidos. Fernandes não deu detalhes sobre quem são os demitidos e os casos em estudo. Apesar disso, o número de casos em estudo é igual ao total de funcionários detidos na madrugada por arrombar portas e cadeados da Estação Ana Rosa para impedir a retomada dos trabalhos.
G1