O Brasil é o campeão mundial no uso de agrotóxicos. Os efeitos disso podem ser vistos na saúde da população.
Ceará
Limoeiro do Norte fica na Chapada do Apodi, no semiárido cearense. Na década de 80, o governo federal criou um projeto de irrigação para desenvolver a agricultura. Hoje a região tem grandes plantações de frutas.
Um estudo na Universidade Federal do Ceará mostra que nesta região agrícola o índice de câncer é 38% maior do que nas cidades onde não há grandes lavouras. “A exposição ocupacional e ambiental aos agrotóxicos na região é tão intensa, que não há como a gente afastar essa possibilidade. Se os agrotóxicos não são os únicos responsáveis pelo desencadeamento destas doenças, eles provavelmente são um dos principais fatores que estão causando estas doenças”, revela Ada Cristina, médica.
A região tem centenas de fazendas produtoras de frutas, que usam milhares de litros de agrotóxicos.
Em 2012, o Globo Rural mostrou o início da pesquisa do doutor Ronald Pinheiro. Ele coletou amostras da medula óssea de 43 trabalhadores rurais da região. Onze deles apresentaram alterações cromossômicas. Segundo a pesquisa, isso pode causar câncer.
Além de tumores, pesquisadores investigam casos de má formação. Nos últimos três anos, quatro crianças de uma mesma comunidade nasceram com problemas físicos. Em Limoeiro do Norte, casos assim são 75% mais comuns do que no restante do Brasil.
Espírito Santo
O Espírito Santo é o estado brasileiro que mais registra casos de intoxicação por agrotóxicos agrícolas.
Na capital, Vitória, um albergue recebe moradores do interior do estado, que estão em tratamento médico. Setenta moradores da área rural podem se hospedar sem pagar nada.
Em 10 anos, a venda de agrotóxicos no Brasil cresceu 190%. Isso é mais que o dobro da média mundial. Dos 50 agrotóxicos mais usados no país, 15 são proibidos na Europa.
O último levantamento da Anvisa achou agrotóxicos em 67% dos alimentos testados, sendo que 25% tinham substâncias proibidas ou acima do permitido.
Rio Grande do Sul
As plantações de tabaco são o símbolo do Vale do Rio Pardo, região de 400 mil habitantes, no interior do Rio Grande do Sul.
Um convênio entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Emater, empresa que orienta os agricultores, está incentivando o plantio de outras culturas, mas a maioria dos produtores ainda dependem do tabaco.
Pesquisas relacionam a exposição aos agrotóxicos com o aumento nos casos de depressão, pânico e distúrbios alimentares. A taxa de suicídios em Santa Cruz do Sul é de 28 por 100 mil habitantes. No Brasil, é de 5 por 100 mil habitantes.
Fonte: G1