Lançado em 28 de março de 2025 na Netflix, A Lista da Minha Vida (The Life List) é uma comédia romântica dramática dirigida por Adam Brooks, baseada no best-seller de Lori Nelson Spielman. Com uma narrativa sensível e envolvente, o filme conduz o espectador por uma profunda jornada de autoconhecimento, resgate de sonhos esquecidos e busca por uma vida mais verdadeira e significativa.
A protagonista, Alex Rose (Sofia Carson), vê sua rotina meticulosamente planejada desmoronar após a morte da mãe. Para receber sua herança, ela precisa cumprir uma lista de desejos escrita por ela mesma aos 13 anos — uma tarefa que, à primeira vista, parece absurda, mas que rapidamente se revela transformadora. Cada item da lista é uma ponte entre a versão adulta de Alex e aquela garota sonhadora e espontânea que um dia ela foi. A lista se torna, portanto, um roteiro de redescoberta pessoal.
Um dos pontos altos do filme é a introdução de quatro perguntas simples, mas poderosas, que funcionam como bússola emocional para a protagonista, especialmente no campo amoroso. São elas:
- Essa pessoa é gentil?
- Você pode falar qualquer coisa sem medo?
- Ela te incentiva a ser sua melhor versão?
- Você consegue vê-la como pai/mãe dos seus filhos?
Essas perguntas são usadas como ferramenta para avaliar não apenas um possível parceiro amoroso, mas também a qualidade dos relacionamentos que mantemos — sejam eles românticos, familiares ou de amizade. No decorrer da história, elas ajudam Alex a refletir sobre seus vínculos afetivos e a diferenciar o que é cômodo do que é verdadeiro. A gentileza, o espaço para a vulnerabilidade, o estímulo ao crescimento e a compatibilidade de valores passam a ser critérios para que ela entenda o que realmente merece viver.
Do ponto de vista técnico, o filme se destaca por sua direção leve, mas cuidadosa, de Adam Brooks, que consegue dosar bem o humor, o drama e o romantismo, sem escorregar para o melodrama. A trilha sonora é suave e emotiva, funcionando como uma extensão dos sentimentos da protagonista, e embalando as cenas de maior introspecção ou mudança com delicadeza.
A atuação de Sofia Carson é envolvente e genuína, demonstrando maturidade emocional à medida que sua personagem evolui. Ela entrega uma Alex confusa, resistente e, ao mesmo tempo, corajosa e sensível. Kyle Allen e Sebastian De Souza oferecem contrapontos interessantes como possíveis interesses amorosos, representando escolhas distintas de vida e valores. Já Connie Britton, mesmo aparecendo apenas em vídeos gravados pela mãe de Alex, empresta força e ternura à história, sendo um elo afetivo que move a protagonista.
Ao realizar cada item da lista, Alex é forçada a sair da zona de conforto, enfrentar medos, abraçar incertezas e se permitir falhar. É justamente nesse processo que ela passa a viver com mais autenticidade.
O filme nos lembra que o conforto pode, muitas vezes, nos impedir de crescer e de viver plenamente. A verdadeira felicidade, nos mostra Alex, não está em seguir um plano pré-definido, mas em ter a coragem de mudar o rumo quando o coração assim pede.
A Lista da Minha Vida é, em última instância, uma ode à liberdade de ser quem se é — com todas as contradições, dúvidas e sonhos que nos habitam. Um lembrete de que nunca é tarde para voltar aos próprios desejos, repensar as escolhas e, se preciso, começar de novo. Viver, afinal, é um ato de coragem. E o autoconhecimento, a ferramenta mais poderosa para construir uma vida com propósito, alegria e verdade.
Vale a pena assistir.

Olinda Altomare é magistrada em Cuiabá e cinéfila inveterada, tema que compartilha com os leitores do Circuito Mato Grosso, como colaboradora especial.
Foto capa: Reprodução/Divulgação