Representantes de movimentos sociais protestam em Brasília contra danos causados por agrotóxicos (Foto: Jéssica Nascimento/G1)
Representantes de movimentos sociais e populares do campo protestaram na manhã desta quinta-feira (3) contra o uso indiscriminado de agrotóxicos – que para eles têm a ver com o aumento no número de casos de microcefalia – e pela saída do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em frente ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. A organização estima a presença de 800 pessoas. A Polícia Militar, 500.
O ato ocorre durante a 15ª Conferência Nacional de Saúde e contou com uma encenação de mortes por causa do uso de agrotóxicos. O grupo está acampado desde terça no Pavilhão do Parque da Cidade. Os manifestantes informaram que não têm intenção de fazer passeata.
A representante do movimento Maria Casé, de 43 anos, explica que a ação tem por objetivo divulgar o Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos, celebrado em 3 de dezembro. Ela diz ser preciso denunciar as consequências do uso de "venenos em alimentos."
"A microcefalia é causada diretamente pelo uso indiscriminado dos agrotóxicos. Os bebês estão nascendo deformados por causa deste veneno. Também defendemos o Sistema Único de Saúde (SUS) e queremos o Cunha fora. Nosso país não merece um cara com esse naipe”, afirmou. O Ministério da Saúde declarou que a malformação está relacionada ao zika vírus, identificado no Brasil em abril.
Mulher pede saída do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, em protesto em Brasília (Foto: Jéssica Nascimento/G1)
Teresinha de Souza, que é agricultora e tem 61 anos, viajou de Santa Catarina para protestar contra o agronegócio no país. "Nosso povo está morrendo de envenenamento, os agrotóxicos matam. O agronegócio está aí para isso, para acabar com o trabalho honesto e saudável dos agricultores. Até o leite das vacas está contaminado. E o que o Cunha faz? Apoia esse povo."
Microcefalia e zika vírus
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou nesta quarta-feira (2) que a expectativa dos epidemiologistas da pasta é que o zika vírus “se espalhe para outros estados” brasileiros e que o número de casos deve se multiplicar com a chegada do verão. A estação marca o pico de proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença.
A declaração foi dada em uma cerimônia da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que entregou ao ministro um certificado de eliminação da rubéola no Brasil. Além do zika vírus, o mosquito também transmite a dengue e a febre chikungunya.
"Há um crescimento vertiginoso da população de mosquitos na época do verão. Principalmente, do mês de fevereiro em diante. Fevereiro e março são os meses em que a população do mosquito cresce exponencialmente. Então o momento agora é um momento basal”, disse Castro.
De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, divulgado em novembro, o zika vírus já foi identificado no Distrito Federal e em 14 estados: Roraima, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Paraná.
O vírus é apontado como principal causa para o aumento no número de casos de microcefalia no país. A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com um crânio de um tamanho menor do que o normal – com perímetro inferior ou igual a 33 centímetros. A condição normal é de que o crânio tenha um perímetro de pelo menos 34 centímetros. Essas medidas, no entanto, valem apenas para bebês nascidos após nove meses de gestação, e não são referência para prematuros.
Na maior parte dos casos, a microcefalia é causada por infecções adquiridas pelas gestantes, especialmente no primeiro trimestre de gravidez – que é quando o cérebro do bebê está sendo formado.
Outros possíveis causadores da microcefalia são o consumo excessivo de álcool e drogas ao longo da gestação e o desenvolvimento de síndromes genéticas, como a síndrome de Down.
Fonte: G1