Está previsto para começar às 7h desta quinta-feira (15), na Câmara Municipal do Rio, no Centro, o velório, que será aberto ao público, do produtor musical, ator e diretor Luiz Carlos D'Ugo Miele. Às 5h50, o carro da funerária chegou à Câmara Municipal com o corpo para ser velado. O enterro do corpo está marcado para as 16h no Cemitério do Caju, na Zona Portuária.
Miele morreu em sua casa, em São Conrado, Zona Sul do Rio, na manhã desta quarta-feira (14), após sofrer um mal súbito. Seu corpo foi encontrado pela esposa, Anita, caído no chão.
Segundo Vania Barbosa, empresária e amiga de Miele e da família, os bombeiros constataram a morte ao chegarem na casa do artista.
“Aparentemente ele não tinha problema de saúde, dor no peito ou algo assim. Mas, ultimamente, nos três últimos meses, ele estava querendo fazer tudo ao mesmo tempo: lançar CD, livros, fazer shows. Não sei mais quanto tempo eu vou estar aí", disse Vania ao G1.
A assessora de Miele contou que nesta terça-feira (13) ele e a esposa saíram com amigos para jantar.
O corpo de Miele foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) por volta das 14h15. Enquanto ele estava na casa do diretor, por vários momentos, a mulher do artista, Anita, ficou deitada ao lado dele, enquanto aguardava a liberação médica.
'Showman', definem amigos
Muito amigo de Miele, o cartunista Ziraldo também foi à casa da família prestar solidariedade.
"Ele acabou virando esse showman fantástico, sofisticado (…) Nesses últimos meses, fizemos uma dupla", disse.
O produtor Ronaldo Câmara ressaltou o talento do amigo. "Era um showman. Se tivesse nascido em Nova York, era bilionário, era o dono da Browdway. Ninguem dançava e cantava como ele", declarou.
A atriz Rosamaria Murtinho disse que o contato pessoal com o ator sempre lhe rendia aprendizado. " Toda vez que eu encontrava com Miele eu sempre guardei uma coisa dele. Sempre tem uma coisa que ele diz, tem uma coisa engraçada. Tem uma coisa para anotar, tem uma coisa que você não sabia e você passa a saber", afirmou.
Trajetória
Nascido em 1938 em São Paulo, o artista, que começou a carreira como locutor de rádio, foi responsável por produzir shows de diversos cantores famosos.
Ele se mudou para o Rio em 1959, onde trabalhou na TV Continental como diretor de estúdio.
Da amizade com Ronaldo Bôscoli, um dos principais nomes da Bossa Nova, passou a produzir shows no Beco das Garrafas — reduto que reuniu Sérgio Mendes, Elis Regina e Wilson Simonal. Com Bôscoli, foi dono da boate Monsieur Pujol, por onde passaram artistas como Ivan Lins, Stevie Wonder e Marcel Marceau.
Contratados pela Globo, Miele e Bôscoli produziram os programas "Alô, Dolly", "Dick & Betty" e "Um Cantor por Dez Milhões, Dez Milhões por uma canção".
Na década de 1970, atuou como humorista em programas como "Faça Humor, Não Faça Guerra" e "Planeta dos Homens".
"Miele é uma das figuras mais importantes do entretenimento brasileiro. Foi um cara que ajudou a desenvolver a linha de shows, sobretudo da TV Globo. Foi o homem que dirigiu o Roberto Carlos a vida inteira", disse João Marcelo Bôscoli, filho de seu maior parceiro.
"Miele teve uma vida bem intensa, cheia de experiências. É uma figura emblemática do entretenimento pela relação que teve com vários artistas. [Foi] uma pessoa de excelente bom humor. Foi uma experiência mágica poder vê-lo em ação", afirmou.
Nos meados de 2000, Miele retomou a carreira na televisão. No seriado "Mandrake", viveu o advogado Wexler.
Na Rede Globo, em 2008, participou de "Casos & Acasos" e "Tapas e Beijos". Na novela "Geração Brasil", interpretou o milionário Jack Parker. Sua última participação foi no programa "Tomara que Caia", em setembro.
Fonte: G1