Foto: Aruã Kallil
Passando por uma grande transição, mais uma vez nossa Cuiabá está mudando. Nascida das chamadas Bandeiras do início do período colonial brasileiro, a capital de Mato Grosso carrega consigo uma característica inerente dos grandes aventureiros: a capacidade de adaptação. Por isso, ao invés de chegar ao início do Século XXI consolidada, a região metropolitana que a envolve se apresenta em grande reviravolta, na qual se somam problemas às oportunidades.
E, dentre as novidades da atual fase, surge uma bem caracterizada faixa social. Falamos da classe média e média alta que se consolida e que institui hábitos de consumo e de comportamento bem definidos. Não se afirma que estas não existissem anteriormente. Contudo, devido à característica cultural histórica da Baixada Cuiabana, ao advento da agroindústria e aos impactos da Copa do Mundo de 2014, constata-se a cristalização de uma parcela da sociedade que se caracteriza pela modernidade de hábitos.
São famílias que moram em condomínios, compram em shopping centers, viajam de avião e utilizam carros novos. Bancam a educação e o plano de saúde. Utilizam cartões de crédito. Sobretudo, praticam hábitos que não eram tão comuns em nossa terrinha, sempre inclinados aos costumes próprios. São os cuiabanos modernos, por assim dizer.
Especialistas nos dão conta de que dos 551.098 habitantes de Cuiabá – os 252.596 habitantes da vizinha Várzea Grande experimentam outra realidade, 49,2% estão entre 25 a 59 anos de idade. Nossa população amadurece. Além disso, 22,99% de nossas famílias enquadram-se nas classes sociais A1, A2 e B1, o que totaliza cerca de 36 mil núcleos familiares nestas condições. Isto determina uma nova realidade social e econômica em nossa cidade.
Nesta faixa social, 64% das pessoas são casadas, o que interfere em muito os hábitos de consumo e lazer, por exemplo. As famílias têm a média de 3,5 pessoas, sendo que 77% destas famílias residem em imóvel próprio. Esta configuração de famílias pequenas e com foco na estabilidade move a lista de interesses de nossos cidadãos.
Por exemplo, 64% destes novos cuiabanos só buscam informações via internet, sendo que 71% se utilizam do celular como meio primordial de comunicação. Apenas 22% destes estão realmente interessados em leitura de jornal, mas 70% têm presença ativa no Facebook. Hábitos sintomáticos e que nos dizem ser esta uma parcela ativa nos meios digitais. Assim, apenas 18% ouvem rádio e somente 48% assistem TV de forma regular e, mesmo assim, através de canais pagos.
Novos hábitos requerem uma profunda reflexão por parte dos gestores públicos e dos comerciantes em geral, com um enorme sinal de alerta para os comunicadores de plantão. Se a Cuiabá aparente está passando por uma fase muito deteriorada, a cidade oculta se estabelece de forma sólida e quem pensa no futuro desta cidade pode se surpreender com a realidade socioeconômica que se forja silenciosamente em nosso meio social. Uma nova Cidade Verde se delineia, bem além do bucolismo ou dos desmandos, profundamente ligada aos comportamentos contemporâneos e aberta ao inovador. Que venha esta nova realidade.