Segundo a família, que não tem condições de custear uma clínica especializada, a ansiedade e a falta de estrutura têm sido os principais entraves na vida do comerciante. Com o passar dos anos, andar ficou cada vez mais difícil para ele. “O corpo dói inteiro. Muito peso sobrecarregado no joelho e coluna. Queria viver porque está muito difícil”, disse.
Ele tem 1,79 metro de altura e o peso atual é quase o dobro do peso de oito anos atrás. A mulher dele, Elis Regina Mantovani, contou que por causa da obesidade, Jéferson desenvolveu alguns problemas de saúde e acabou “preso” dentro da própria casa. “É difícil, porque ver o sofrimento dele todo dia e não poder ajudar mais. É muita ansiedade e não consegue fazer nada. Só dentro de casa, parado”.
A situação dele preocupa também aqueles que moram próximos à família. A enfermeira Sirlene Marins disse que ajuda como pode. “Às vezes ele precisa de uma injeção para aplicar. Então, ele pede porque as dores dele são intensas e a gente ajuda nessa parte”. Os pais afirmaram que já fizeram de tudo para conseguir a internação em uma clínica especializada em emagrecimento e que o tratamento é caro e a família não têm condições de pagar.
“Ele sozinho não consegue fazer essa dieta, mesmo por causa da ansiedade ele fica desesperado e desespera toda família”, Jeferson Ubaldo Bertochi, que tem o mesmo nome. A mãe também pede apoio para cuidar do filho. “Ele precisa de ajuda para cuidar dele”, desabafou a mãe, Vera Lúcia Bertochi.
Segundo o médico especialista em cirurgia bariátrica, a redução de estômago geralmente é indicada para pacientes que estão acima do peso e que tiveram complicações por causa da obesidade. “A indicação cirúrgica é normatizada pelo Conselho Federal de Medicina e o paciente precisa estar entre Índice de Massa Corporal de 35 a 40, associado a pelo menos a duas co-morbidades, como hipertensão e diabetes, ou ter o IMC acima de 40 kg por metro quadrado”, explicou Celso Roberto Passeri.
Para saber o Índice de Massa Corporal basta dividir o peso pelo resultado da altura multiplicada por ela mesma. No caso de Jéferson, o IMC passa de 87 e o coloca no grau mais alto de obesidade. Mesmo assim, ele contou que em um hospital de Botucatu, a orientação foi para que ele perdesse pelo menos 50 quilos antes do procedimento. “Passo por um médico em Botucatu. E ele pede para a segurança minha para perder 10, 15% do peso que estou”.
A cirurgia
Atualmente existem vinte hospitais no estado de São Paulo que realizam a cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Um deles é o Amaral Carvalho, que fica em Jaú. Em três anos, desde que foi implantado um atendimento específico para pacientes com sobrepeso, 200 procedimentos foram realizados.
Todos que passam pela cirurgia bariátrica continuam sendo acompanhados por médicos, nutricionistas e psicólogos. “Comecei a ter uma vida melhor após a cirurgia porque antes era uma vida de etapas. Passava bem, passava mal, vivia mais internada por causa da diabete. Hoje não toma mais nenhum remédio”, afirmou a dona de casa, Ana Cristina de Souza.
Para a diarista Edna Filipini, melhor do que a transformação física foi melhorar a qualidade de vida. “Falo que eu comecei uma nova vida depois da minha cirurgia”, completou.
G1