Os professores da rede estadual de São Paulo decidiram, em assembleia na tarde desta sexta-feira (8), manter a greve iniciada há quase dois meses. Eles se concentraram no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, e seguiram em caminhada até a Marginal Pinheiros.
A Polícia Militar diz que cerca de 1,5 mil professores participaram do ato. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) fala em 50 mil manifestantes. Eles bloquearam por cerca de uma hora o sentido Rodovia Castello Branco da Marginal Pinheiros, na altura da Ponte Eusébio Matoso.
O deslocamento começou por volta das 17h, quando os professores começaram a caminhar no sentido Consolação da Avenida Paulista. Depois, eles desceram a Avenida Rebouças e entraram na Marginal Pinheiros por volta das 19h15. A liderança do movimento pediu que os manifestantes seguissem até o Largo da Batata, onde o ato foi encerrado. Um grupo resistiu, mas depois de alguns minutos aceitou deixar a via, o que ocorreu por volta das 20h15.
Os professores estaduais declararam greve em 13 de março, durante assembleia também realizada na Avenida Paulista. Desde a data, ocorreram oito assembleias que aprovaram a continuidade da paralisação. Os docentes pedem reajuste de 75,33% para equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior.
A Secretaria de Estado da Educação afirma ter dado reajuste de 45% no acumulado dos últimos quatro anos e diz que apresentou três propostas em reunião em 23 de abril, entre elas manutenção de uma "política salarial pelos próximos quatro anos com data base em 1º de julho". Entretanto, o governo não deu números nem detalhes de qual seria a proposta de reajuste para o dissídio.
Dissídio e corte de ponto
A Apeoesp entrou com pedido de dissídio coletivo no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Mas não houve acordo na audiência de conciliação ocorrida nesta quinta-feira (7). A ação vai ser distribuída para o Órgão Especial do TJ-SP.
Os holerites dos professores começaram a chegar nesta semana com desconto. Na quarta-feira (6), o governador Geraldo Alckmin chegou a dizer que seria "prevaricação" se ele pagasse integralmente quem não tiveram frequência.
Uma liminar da juíza Celina Kiyomi Toyoshima, da 4ª Vara da Fazenda Pública, concedida nesta quinta-feira (7), garantiu aos professores o pagamento dos dias parados. A Procuradoria Geral do Estado recorreu da decisão e conseguiu suspender a liminar na noite desta sexta-feira.
Posicionamento da secretaria
A Secretaria da Educação diz que "cinco dos seis sindicatos que representam os professores, funcionários, supervisores e diretores da Educação de São Paulo não estão em greve porque entenderam o compromisso do governo do Estado de manter a mesma política de valorização que garantiu aos funcionários da rede, desde 2011, aumento real de 21% (45% de aumento nominal)".
A secretaria diz que "lamenta mais uma vez a decisão da Apeoesp de manter uma greve nitidamente contaminada por interesses incompatíveis com o momento econômico atual, que conflita com a harmonia que pauta o diálogo entre secretaria e professores e visa prejudicar o cotidiano de quatro milhões de alunos e de seus pais. De acordo com os dados oficiais, o índice de comparecimento foi de 95% nesta semana, o que mostra que a grande maioria dos docentes permanece comprometida.".
A garantia de direitos para docentes temporários também está entre as demandas dos grevistas. O sindicato também questiona o pagamento do bônus de R$ 1,6 bilhão a funcionários da Secretaria da Educação do Estado. A quantia é a maior da história, segundo a pasta. No ano passado, foram repassados R$ 700 milhões.
“Trata-se de uma opção do governo pagar bônus e não salário", diz a Apeoesp. A categoria ainda alega que o bônus “não incide sobre os benefícios da carreira, prejudica a aposentadoria e exclui os aposentados.”
Fonte: G1