O Colégio Pedro II aboliu a obrigação de uniforme por gênero.
Ficou assim: todos os alunos que quiserem podem usar saia, antes restrita às meninas.
A decisão da reitoria não caiu do céu. É resultado de mobilização civilizatória na tradicionalíssima instituição carioca, fundada em 1837.
Em 2014, uma aluna transgênera foi proibida de vestir saia, e a gurizada foi à luta ao seu lado.
O reitor Oscar Halac afirmou: ''A novidade é que não se determina o que é uniforme masculino e o que é uniforme feminino, apenas são descritas as opções de uniforme do Colégio Pedro II. Propositalmente, deixa-se a critério da identidade de gênero de cada um a escolha do uniforme que lhe couber. Estamos cumprindo a determinação de uma resolução vigente e procuramos de alguma maneira contribuir para que não haja sofrimento desnecessário entre aqueles que se colocam com uma identidade de gênero diferente daquela que a sociedade determina. Creio que a escola não deve estar desvinculada de seu tempo e momento histórico. A tradição não importa em anacronia, mas pode e deve significar nossa capacidade de evoluir e de inovar”.
A íntegra da portaria histórica pode ser lida clicando aqui. A norma considera ''a importância da manutenção da igualdade obtida através do uso do uniforme escolar; a identidade, a diversidade e a segurança do corpo discente; a importância histórica do Colégio Pedro II''.
O uniforme continuará todo certinho, como a paisagem carioca se habituou. A portaria é clara ao especificar as minúcias da vestimenta.
Termina a opressão contra quem prefere se vestir assim ou assado, por ser assim ou assado. É o século 21 dando as caras.
A novidade no CP2 incomoda alguns por ignorância: pensam que a saia se tornou obrigatória aos meninos. Pelo contrário: a mudança nada impõe, transfere a decisão, incentiva a autonomia, celebra e respeita a diferença. É direito, não dever.
Outros se contrariam porque mantêm convicções totalitárias, achando que o Estado deve determinar até a roupa _no fundo, decretar gênero e orientação sexual.
Muita gente ainda está com um pé no século 20 _o outro pé está no 19.
A turma do preconceito é grande.
Estabelecimento público federal, o Colégio Pedro II é velho, mas não velhaco. Sua história é marcada por grandes lutas pela democracia e pela tolerância.
Mais uma vez, dá um bom recado ao Brasil.
Podem escrever: seu exemplo frutificará país afora.
Fonte: UOL