Rio – Se a vida de Paulo Vilhena fosse retratada em um quadro do Salvador, de ‘Império’, a obra teria pinceladas de loucura, imagens descontínuas para representar os altos e baixos da sua trajetória e o azul do mar, em referência à sua conhecida paixão pelo surfe. O ator, que conheceu o sucesso aos 20 anos, no seriado ‘Sandy & Junior’, e ganhou fama de bad boy devido a sua dificuldade em lidar com os paparazzi, apagou essa página com tintas fortes, deslizou nas ondas de um mar calmo e hoje recebe os aplausos dos telespectadores da novela das 21h.
“O reconhecimento demora, leva tempo. E é assim que tem que ser para você dar valor, saber que cada gota de suor, cada porrada, cada crítica que você superou e conseguiu reverter, valeu a pena. Mas cada elogio não garante nada, é apenas mais um degrau”, diz.
As incertezas do futuro são uma realidade, mas é inegável que a tela da vida de Paulo, de 36 anos, ganhou novas cores no ano passado, quando interpretou o Baroni de ‘A Teia’, e se consolidou com o artista plástico esquizofrênico da novela das 21h. E entrar na pele do Salvador não foi nada simples.
“A proximidade com a loucura dele foi um momento muito tenso. A doença pode se instalar num determinado período da vida, dos 25 aos 35 anos, se o indivíduo tiver um campo fértil para isso. Quando eu comecei a estudar e gravar foi uma imersão tão profunda que eu tive receio de que alguma coisa pudesse me afetar. Fiquei com medo que aquela loucura me tomasse. Foi um momento bem difícil”, comenta o ator, que visitou instituições psiquiátricas como a Juliano Moreira e Nise da Silveira.
Paulo continua com as faculdades mentais preservadas, mas não escapa da loucura nossa de cada dia. “Não dá para fugir da tensão do dia a dia, mas eu extravaso essa loucura no palco, no estúdio, onde a minha arte se faz presente. O teatro tem o poder de cura. Transforma dor em alegria”, acredita. Cabeça boa, o ator acha até que um desatino momentâneo e sem maiores consequências pode fazer bem.
“A loucura tem sua parte interessante porque às vezes as coisas ficam muito comuns, sem uma vibração, sem uma carga boa de energia que pode chegar na loucura que faz bem. A vida precisa de um pouco de loucura. Sou louco mesmo é pelo mar, por surfar, pelo meu cachorro Zacarias (um buldogue francês), pelos meus amigos e pela minha família”, conta. E o que será que leva o ator à loucura? “Um gol do Santos em final de campeonato, uma onda perfeita bem surfada, um beijo bom, um abraço, uma transa boa. Essas coisas fazem sair uma faísca que explode em emoção”, explica.
A tal faísca do amor também tem sido sentida pelo Salvador, de ‘Império’, que engatou um relacionamento com Helena (Júlia Fajardo). E o namoro já ganhou a torcida do público, apesar do pintor, no passado, ter matado uma namorada. “As pessoas me dizem que, finalmente, apareceu alguém que gosta do Salvador de verdade. Imagino que o Salvador matou a namorada devido a um surto psicótico. Como já se passou um tempo e existe um tratamento, acho que esse romance pode ser mais uma pílula de cura para ele. O amor não tem limites, nem barreiras”, frisa.
A salvação de Salvador pode estar diretamente ligada a Helena, que já percebeu que o amado tem o seu talento explorado por Orville (Paulo Rocha) e Carmen (Ana Carolina Dias). Desse assunto, Paulo também entende. “Já fui usado no passado. Me doei abertamente às pessoas, mas comecei a perceber quem nem sempre deveria ser assim porque eu comecei a me machucar. Aí, me fechei. Nessa de me fechar para me proteger, comecei a separar muito bem quem eu achava que poderia estar só se aproveitando de algum momento meu de quem eu realmente sabia que estaria ao meu lado independentemente de como eu estivesse”, revela.
Mudanças de comportamento são evidentes na caminhada de Paulo, que, no início da carreira,não se relacionava bem com a imprensa e hoje tem outra postura. No encontro com a ‘Já É! Domingo’, o ator foi cavalheiro e bem-humorado, provando que amadureceu. “Me livrei da fama de bad boy, acho que as pessoas têm outro olhar em relação a mim. Não tem nada que ficou desse momento. Há muito tempo, não me deparo com essa expressão, com alguém se referindo a mim nesse sentido. Esse rótulo já foi sobreposto”, afirma.
O de ser apenas um rostinho bonito também. “Alguns personagens necessitam de beleza, mas ouvi de um cara que é o maior de todos, o Paulo Autran, com quem eu tive a oportunidade de conviver e aprender muito, que a beleza é temporária, que eu tinha que me preocupar em atuar porque a beleza um dia iria acabar. Aí, bati continência a ele e fui correr atrás disso, de me aprimorar no meu ofício. Então, se eu tiver que fazer o galã, vou usar o que me resta de beleza, mas não vou me apoiar nela para ser ator”, enfatiza.
Mulheres de Paulo
Separado há mais de um ano da atriz Thaila Ayala, Paulo Vilhena não assumiu nenhum novo amor desde então e ainda se declara para a ex-mulher. “Eu amo a Thaila, mas não é um amor de desejo, de carne, é o amor que fica de uma relação que foi verdadeira. Assim como tenho amor pela Thaila, tenho pelas minhas ex-namoradas”, confidencia. Solteiro, o ator entrega as suas preferências na hora da conquista.
“Quando vejo uma mulher sorrindo, andando com passo firme e de personalidade forte, tudo pode acontecer”, diz, aos risos. Se Júlia Fajardo tem essas características não se sabe, mas o comentário é de que o romance de Salvador e Helena pulou da ficção para a vida real.
“Conheci a Ju na festa do capítulo 100 de ‘Império’. Ela estava com o Zé Mayer (pai da atriz) e a Juliana Boller, que faz a filha do Cláudio Bolgari. Quando fiquei sozinho com o Zé, perguntei quem era aquela menina bonita e ele disse que era a filha dele. Pensei que o Zé estava se referindo à Juliana e aí repeti a pergunta. Foi quando o Zé disse que a Júlia tinha sido feita por ele e pela mulher dele (risos). Depois, o Zé contou para a Ju que eu tinha elogiado a beleza dela. A Julia é uma menina linda, mas a gente não namora”, enfatiza.
Fonte: iG