As suspeitas estão contidas em investigação a cargo da Procuradoria Geral da República e em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). A Operação Ararath investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro e crimes financeiros, que atuaria no estado do Mato Grosso por meio de empréstimos fraudulentos e empresas de fachada.
A suspeita de participação de parlamentares levou a investigação ao STF. No mês passado, por decisão do ministro Dias Toffoli, relator do caso, foi aberto um inquérito. Nesta terça (20), foram realizadas buscas e apreensões em Mato Grosso, mas Toffoli negou pedido da Procuradoria para apreender documentos na casa do senador Blairo Maggi.No processo, a PGR afirma que o ex-deputado estadual de Mato Grosso e atual conselheiro do TCE Sérgio Ricardo de Almeida pagou R$ 4 milhões para ficar com a cadeira de Alencar Soares Filho.
Segundo a investigação, o ex-secretário da Fazenda do estado na gestão de Blairo Maggi Eder de Moraes Dias teria oferecido, por ordem do senador, os mesmos R$ 4 milhões para que Alencar permanecesse no cargo, impedindo a nomeação de Sérgio Ricardo.A PGR afirma que o pagamento, supostamente ordenado pelo senador, foi feito por intermédio do empresário Gercio Marcelino Mendonça Filho, apontado como operador do esquema e que colabora com o Ministério Público nas investigações. Em depoimento, ele conta que deu um cheque de R$ 2,5 milhões a Alencar Soares em seu gabinete no TCE.
Com base nas informações do Ministério Público, o ministro do STF Dia Toffoli autorizou a busca e apreensão de documentos na casa e no gabinete do conselheiro Alencar Soares Filho e de Sérgio Ricardo de Almeida.Ao negar a busca e aprensão na casa do senador, Toffoli argumentou que ainda não há elementos suficientes para justificar a medida.A suspeita, de acordo com a PGR, é de que o esquema de empréstimos fraudulentos teria fornecido recursos que se destinavam a "finalidades espúrias" na política do estado.
Senador desconhece; conselheiro nega
Segundo a assessoria, o senador Blairo Maggi está em viagem ao Norte da Itália e não tem conhecimento da investigação em andamento. Se provocado pela Justiça, o senador pretende prestar os esclarecimentos necessários, de acordo com a assessoria.Maggi tirou licença do cargo por 120 dias e retomará o mandato parlamentar depois do recesso do meio de ano, informou a assessoria.A assessoria do conselheiro do TCE Sérgio Ricardo negou o pagamento de R$ 4 milhões para obter a cadeira e explicou que ele assumiu o cargo em 2012, por indicação dos demais deputados estaduais.
De acordo com o gabinete do conselheiro, sua indicação se deu em razão de um acordo político no Legislativo, segundo o qual Alencar Soares teria se comprometido a ficar no tribunal por cinco anos e devolver a cadeira ao Legislativo para indicação de outro nome.Por meio de sua assessoria, o conselheiro Sérgio Ricardo afirmou estar "absolutamente tranquilo, disposto a colaborar com o esclarecimento dos fatos".A assessoria do conselheiro informou ainda que, durante a operação da Polícia Federal, foram levados da casa dele documentos e equipamentos eletrônicos.O G1 tentou contato com Alencar Soares por diversas vezes nesta terça-feira (20), mas não conseguiu localizar o ex-conselheiro do TCE.
G1