Por Monica Gheno e Elini Jaudy
Após Festival Tomorrowland Brasil e de toda desintoxicação merecida, digo isso devido aos quilos de poeira ingeridos durantes os três dias de festival no Parque Maeda, em Itú, São Paulo.
Vamos aos fatores positivos e negativos do evento, os melhores DJs, o hit mais tocado, as pistas mais alucinantes, o que “causou” e o que “não foi legal” do evento.
Receptividade para com a imprensa de outros Estados foi de péssimo gosto. Parecia que estávamos ali por um par de ingressos gratuitos do evento, sem acesso a nenhuma informação a não ser pelo aplicativo, não nos levaram a nenhuma sala de imprensa, não sabíamos por aonde ir e tampouco como ir.
As informações de shuttler (Transporte para imprensa) que nos enviaram pelo e-mail quando cadastrados e todas as demais informações não aconteceram e não existiam, o rapaz responsável pelo credenciamento dos carros nos convidou a estacionar o carro e andar por aquela bela paisagem de poeira por 4 km a pé.
Óbvio que subimos da mesma forma de carro os 4 km e paramos no estacionamento sem nenhuma credencial durante os três dias. Foi uma aventura! Nos atiramos nos carros dos fornecedores para poder chegar até o local do evento, esperamos por horas no ponto SHUTTLE, mas só o equipamento da imprensa internacional tinham pesava. Eles tinham carrinhos de golf, enquanto os nossos eram plumas e não tinham valor.
Acessar o backstage e ver o que realmente estava acontecendo dentro e fora do evento? Não soubemos tampouco se haviam celebridades ou convidados ilustres no local. Comemos muita poeira! Nem pulseiras para poder comprar água tínhamos, se não fossem amigos no evento morreríamos de sede e fome.
Mas o que é isso? Vamos sem custo nenhum ao evento para trabalharmos para vocês de graça e enaltecer vosso evento em nosso Estado e assim somos recebidos? Estão loucos? Fizemos 1.488km sem direito sequer a estacionar um veículo? Poupem meus 29 anos de imprensa!
Ainda assim nos aventuramos e continuamos a saga Tomorrowland, afinal a abertura oficial estava por acontecer!
O tema: “Chave para a Felicidade”, me intrigava e o “Abrir o Olho” com a queima de fogos, a fumaça e a nuvem de poeira que cobria o espaço, nada disso foi tão bombástico como a entrada oficial de ALOK às 19h no palco principal. Ai sim, o evento começou!
Já na abertura o sofrimento com o calor e tempo seco em Itu foi bem complicado.
Este ano não vi a pista ser molhada com caminhões como no anterior, com o pó seco (jatos de uma fumaça branca que descobrimos ser “GLICERINA” para dar efeito à iluminação soltas diretamente no público), pioravam a secura, não havia narinas e olhos que aguentassem.
A decoração não melhorou praticamente a mesma coisa do ano passado, este ano perderam um palco (dos sete ficaram seis), e 30 DJs a menos no Line Up que não foi dos melhores.
Os preços? Abusivos em todos os sentidos. Cada “pearls”, moeda do evento que era recarregável através daquela pulseira que não tínhamos, era equivalente a R$6,25. E os gringos? Não, os gringos que estavam felizes! Aliás, gringos não faltaram do mundo todo.
Durante o dia estava tranquilo e insuportável pelo calor do sol quanto aos serviços, já a noite, as filas estavam péssimas e demoravam cerca de 20 minutos para atendimento. O acampamento fritava os miolos de quem queria dormir pela manhã. Sol forte e poeira.
LINE UP E PISTAS:
Primeiro dia (21 de abril)
No primeiro dia de Festival os super-heróis atacaram: O palco Super You & Me sob o comando de Loid Back Luke vestido de Super Incrível com um repertório que ia desde a trilha sonora do Rei Leão à Turn Down For What. Um set sempre pesado, seus convidados como Wolverine e Superman (Suneery James e Ryan Marciano) fizeram desde palco de aventuras o mais animado da primeira noite.
O colombiano Khoma foi uma grata surpresa na full on stage com um set forte e cadenciado. David Guetta no palco principal terminou a noite fazendo homenagem a Prince!
Uma morte registrada no evento de um mineiro de 37 anos.
Segundo dia (22 de abril)
Mais sol e secura e os “trance-iros” de plantão estavam enlouquecidos. Esse foi o dia mais pesado do festival Tomorrowland. Muita gente passando mal no segundo dia por uso demasiado de entorpecentes já que não havia uma severa revista. Os sets pesados e dia mais fraco do evento foi marcado pelo B2B (back to back) feito sem combinação e protagonizado pelos DJs Armin Van Buuren, W & W, Sunnrey James e Ryan Marciano levando o festival a mais meia hora de duração no palco principal.
Terceiro dia (23 de abril)
Sol forte, muita secura e o maior número de pessoas, marcam o terceiro dia do festival. No terceiro e último dia de Tomorrowland Brasil, o EDM predominou e as mais de 60 mil pessoas presentes transformaram a Arena Maeda na maior balada eletrônica do País. No dia mais cheio do festival, os DJs tocaram sets à altura e a produção do evento também deu show em seu encerramento.
Palco Fusion (a piscina pública) foi o mais disputado do terceiro dia. O sueco Steve Angelo fez uma apresentação enérgica e relembrou velhos sucessos do tempo de SWEDISH HOUSE MAFIA. Gui Boratto foi o melhor brasileiro com set autoral e apresentação memorável em um set perfeito e de produção musical impecável.
Romeo Blaco se deu bem e do fusion fii parar no main stage devido ao ser radiofônico produzido. Indo de How deep is your love ao hit nacional: tá tranquilo, tá favorável.
Os irmãos Dimitri Vegas e Like Mike terminaram seu set no main stage com o hit Purple Rain de Prince em meio a uma bateria de fogos incríveis encerrando a terceira e última noite em grande estilo.
Em resumo, apesar de todos os pontos negativos e positivos, não temos no Brasil um evento tão grandioso de musica eletrônica em termos de produção como o Tomorrowland. É um evento que vale a pena ir, conhecer e se divertir. Esperamos que a SFX, americana que decretou falência em 2016, se recupere e continue investir na marca Tomorrowland nos próximos anos.
Esperamos também que a imprensa seja melhor tratada, ou pelo menos com a mesma atenção que nos foi dada pela assessoria MKTMix no primeiro ano do festival. Que os DJs renomados em destaque no Brasil não fiquem de fora do festival por não pertencerem a agência Plus Talent. E que assim, o público compareça em massa e superem todas as expectativas que são vendidas e que esse capítulo de 2016 seja apenas lembrado como mais um a ser superado no próximo ano. E ainda, que fiquem registrados no "livro da sabedoria" do Tomorrowland como “estamos em busca das chaves da felicidade” e que tem muitas coisas a serem aprendidas com essa edição. Esperamos que se superem e nos surpreendam.