elatores da JBS entregaram nesta sexta-feira (1º) novos anexos à Procuradoria Geral da República e, nessa complementação da delação, revelaram detalhes inéditos sobre um pagamento feito a Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil. A TV Globo teve acesso ao conteúdo dessa parte da delação.
Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, que controla o frigorífico, contou que, em 2013, Bendine, ainda no comando do Banco do Brasil, foi pessoalmente à casa do empresário pedir dinheiro.
O delator afirmou que, mesmo demonstrando constrangimento, Bendine pediu R$ 5 milhões emprestados para a compra de um imóvel. Joesley disse que não se recorda se a propriedade já estava comprada ou se Bendine ainda iria adquirir o imóvel.
Segundo Joesley, Bendine afirmou que não poderia beneficiá-lo no banco, porque o sistema de governança da instituição impediria atos ilícitos. Porém disse que se esforçaria pra atender a pedidos da JBS, não necessariamente no Banco do Brasil.
De acordo com o anexo entregue à PGR, Joesley afirmou que Bendine era uma pessoa influente no governo e que, por isso, concordou em emprestar os R$ 5 milhões.
Encontro
O delator revelou que o então presidente do Banco do Brasil foi pessoalmente à sede da J&F, empresa dona da JBS, acompanhado de um homem que aparentava mais de 50 anos, e pediu para receber parte dos R$ 5 milhões.
Para comprovar o acordo com o ex-presidente do Banco do Brasil, o empresário apresentou à PGR planilhas com valores e datas dos pagamentos. Joesley também informou que, apesar de Bendine dizer que não haveria uma contrapartida ilegal e imediata, ele recebeu o dinheiro e nunca o devolveu.
Nos primeiros anexos da delação, revelados em maio, os delatores já tinham explicado que era costume da empresa fazer pagamentos mesmo sem garantia de privilegios. Era o chamado "reservatório de boa vontade".
Bendine foi preso pela Polícia Federal em julho, suspeito de receber R$ 3 milhões da Odebrecht. O Ministério Público diz que, na véspera de assumir a presidência da Petrobras, Bendine e um de seus operadores financeiros pediram propina a Marcelo Odebrecht e Fernando Reis.
Investigadores dizem ainda que o pedido foi feito para que a empreiteira não fosse prejudicada na Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato.