Larissa e Lucas se conheciam há 4 anos e começaram a namorar em 2014 em Extrema, MG
(Foto: Reprodução/ EPTV)
O modelo Lucas Gamero, namorado da jovem morta em Extrema (MG), Larissa Gonçalves de Souza, foi solto na noite desta quarta-feira (12) em Pouso Alegre (MG). Segundo os advogados do rapaz, o alvará de soltura foi concedido depois que o delegado responsável pelo caso entendeu que não existem motivos para mantê-lo preso. Lucas estava detido no Presídio de Pouso Alegre desde o dia 4 de novembro, quando o comerciante José Roberto Freire, um dos suspeitos de ser o mandante do crime, o acusou de participação.
"Eu acredito piamente na inocência do Lucas, não só porque sou defensor dele. Mesmo que eu estivesse de fora, sem ser defensor, a impressão seria essa", disse o advogado José Carlos da Silva.
Ainda de acordo com o advogado, durante acareação com Gamero nesta quarta-feira, Freire teria se negado a confrontar o rapaz. "O José Roberto avisou ao delegado que se manteria calado. Isso demonstra que José Roberto montou uma história, que não se sustentatria diante do Lucas e resolveu voltar atrás", avaliou o advogado de defesa do modelo de 21 anos.
Reencontro com o pai
Com a cabeça raspada e 10 kg mais magro, o modelo aparentava estar abatido ao deixar o presídio. "Não é uma situação fácil. Primeiro você perde uma companheira, que quem me conhece sabe dos planos que eu tinha", disse Gamero.
O pai, Sérgio Gamero, foi buscá-lo junto com os advogados. "Eu amo esse moleque aqui e a gente vai lutar por tudo. Estamos juntos", disse o pai. O jovem vai acompanhar as investigações em liberdade e foi levado para a casa de parentes em São Paulo.
Lucas Gamero deixou o Presídio de Pouso Alegre e vai acompanhar investigações em liberdade
(Foto: Reprodução/ EPTV)
Investigação está perto do fim
Em coletiva de imprensa, concedida na terça-feira (10), o delegado Valdemar Lídio Gomes Pinto informou que as investigações em torno da morte de Larissa estavam perto do fim e que um novo depoimento tirava o namorado dela da cena do crime.
"Existe uma passagem no depoimento do Valdeir em que se questiona a presença de Lucas na casa e ele diz que não viu ninguém no dia do crime. Ele também afirma que foi José Roberto quem o contratou e lhe pagou R$ 1 mil", revelou o delegado, referindo-se ao depoimento do segundo suspeito detido, o garoto de programa Valdeir Bispo dos Santos, preso em São Paulo e que confessou ter sido contratado para sequestrar a jovem no dia 23 de outubro.
Polícia Civil acredita que está próximo de concluir inquérito sobre a morte de Larissa, de Extrema, MG
(Foto: Daniela Ayres/ G1)
"Além do depoimento de José Roberto, para quem Lucas era objeto de desejo, nenhum outro elemento liga o namorado de Larissa ao crime. Nos próximos dias, acredito que vamos chegar a uma conclusão", disse o delegado. "Não acredito que haja mais pessoas envolvidas na história e o caso está 99% fechado."
No dia da coletiva, Gamero continuava preso temporariamente e a Polícia Civil apresentou formalmente como suspeitos o comerciante José Roberto Freire, Valdeir Bispo dos Santos e Rosiane Rosa da Silva. Freire e Valdeir admitiram envolvimento no crime, mas trocaram acusações quanto à responsabilidade direta pela morte de Larissa. Já Rosiane, envolvida na história em ambos os relatos, usou do direito legal de permanecer em silêncio.
Investigações
Larissa desapareceu no dia 23 de outubro, quando estacionou de carro na rodoviária de Extrema para pegar o ônibus até a faculdade, em Bragança Paulista (SP). Segundo testemunhas, antes de sair do carro, ela foi abordada por um casal, que a colocou no banco de trás e saiu do local com o veículo. Onze dias depois, o corpo dela foi encontrado em uma ribanceira de cerca de 30 metros na Serra do Lopo, ponto turístico da cidade.
As investigações apontam que a morte da jovem, com requintes de crueldade, teria sido encomendada por R$ 1 mil pelo comerciante José Roberto Freire que, preso, admitiu ter planejado o crime, mas acusou o namorado dela, o modelo Lucas Gamero, de ter participação. Gamero desfilava para a loja de roupas de propriedade de Freire.
Da direita para a esquerda, José Roberto Freire, Valdeir Bispo Santos e Rosiane Rosa da Silva são apresentados como principais suspeitos na morte de Larissa (Foto: Daniela Ayres/ G1)
Segundo Freire, ele e Gamero mantinham um relacionamento amoroso e temiam que Larissa tornasse a história pública. Além disso, Freire afirmou que o dinheiro do pagamento dos suspeitos foi dado por Gamero, que, inclusive, teria passado na casa de Freire no momento do crime.
"Ele [Gamero] negou participação, negou envolvimento com José Roberto, negou ter dado dinheiro, negou ser o mentor intelectual do crime", disse o delegado Valdemar Lídio Gomes Pinto. Apesar disso, o rapaz teve a prisão temporária decretada junto com a de Freire e do sobrinho.
Cerca de uma semana depois, a prisão do casal que teria sequestrado Larissa deu novos rumos à investigação. "Existe uma passagem no depoimento do Valdeir em que se questiona a presença de Lucas na casa e ele diz que não viu ninguém no dia do crime. Ele também afirma que foi José Roberto quem o contratou e lhe pagou R$ 1 mil", revelou o delegado.
Perícia médica aponta que jovem pode ter sido torturada e novo depoimento incrimina comerciante
(Foto: Reprodução/ Facebook)
Indícios de tortura
O corpo de Larissa foi encontrado na terça-feira (3) com diversos sinais de violência. Segundo a médica legista Tatiana Telles Koeler de Matos, a jovem teve os punhos amarrados aos tornozelos com fios elétricos, a cabeça envolta com fita adesiva, fraturas em dois pontos do maxilar e apresentava marcas de estrangulamento. Diante das revelações feitas por Santos, a legista acredita que o peso de academia foi usado no rosto da jovem.
"Esse peso provavelmente foi usado na face", avaliou, observando que não apenas o golpe dado na cabeça da vítima pode ter causado a morte. "Há indícios de tortura e há uma linha de investigação que apura se houve violência sexual", explicou.
Corpo de Larissa foi encontrado na Serra do Lopo, ponto turístico de Extrema, MG (Foto: Régis Melo)
Principal suspeito
José Roberto Freire morava há dois anos em Extrema. Ele era dono de uma loja de roupas e contratava jovens para desfiles de moda. Lucas Gamero já havia desfilado para ele e o chamava de empresário em sua página nas redes sociais.
Clientes descreveram o comerciante como uma pessoa discreta, mas descobriu-se durante as investigações sobre a morte de Larissa que ele tinha passagens pela polícia. Freire é investigado por desviar R$ 60 mil da Prefeitura de Avaré (SP) e também é suspeito de matar um ex-companheiro em 2012.
A polícia chegou até o comerciante por meio de uma testemunha, que teria provas de um suposto envolvimento amoroso entre ele e o namorado da vítima. Após descobrirem os antecedentes criminais de Freire, os policiais foram até a casa onde ele morava e, durante as buscas, encontraram o celular e uma folha de caderno pertencentes a Larissa. Na delegacia, ele admitiu ter planejado a morte da garota, executada na casa dele.
Uma tia de Larissa contou que a jovem já havia reclamado do comportamento de Freire anteriormente. "Ele não gostava dela. Isso ela sempre falou", disse Nadir da Fonseca Oliveira.
Família não acredita em envolvimento do namorado
Larissa morava na zona rural de Extrema e costumava deixar o carro na rodoviária da cidade, onde pegava o ônibus para ir à faculdade, em Bragança Paulista (SP). No dia 23 de outubro, essa rotina foi quebrada. Testemunhas relataram à polícia terem presenciado o momento em que um casal a abordou. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o carro da vítima deixa a rodoviária .
Segundo a família, Larissa e namorado Lucas se davam bem. Os dois se conheciam há quatro anos e haviam sido vizinhos antes de começarem o namoro em 2014. O rapaz, preso temporariamente, é modelo e cursa administração na mesma faculdade onde a jovem estudava.
No velório da namorada, o rapaz chorou de joelhos na frente da mãe da jovem. Mesmo com a prisão preventiva decretada, a família de Larissa disse não acreditar no seu envolvimento no crime. "Neste momento, pra mim, o Lucas não tem participação. Até que se prove o contrário, ele é inocente", afirmou o pai de Larissa, Luís Carlos Gonçalves de Souza.
Fonte: G1