O presidente Michel Temer e sua comitiva desembarcaram na base aérea de Brasília por volta das 5h30 desta quarta-feira (6) após uma viagem de seis dias à China, onde ele participou de um encontro do Brics (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Do aeroporto, o presidente seguiu direto para o Palácio do Jaburu, sua residência oficial.
Temer havia embarcado de volta ao Brasil no início da tarde desta terça (5) no fuso horário chinês (madrugada em Brasília.
O peemedebista retorna ao Brasil em meio ao turbilhão político gerado pela abertura de uma investigação, determinada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para apurar se delatores da J&F omitiram informações no acordo de delação premiada.
Em seu último dia de compromissos na China, o presidente foi informado sobre a reviravolta na delação da J&F e, questionado sobre o assunto por jornalistas, se limitou a dizer que vê com "serenidade" a investigação aberta pelo procurador-geral para analisar eventuais irregularidades no acordo que garantiu imunidade aos delatores do grupo empresarial dono do frigorífico JBS.
Além disso, o mundo político está na expectativa pela segunda denúncia de Janot contra o presidente da República. Em Brasília, especula-se que a nova denúncia contra o presidente da República não se baseará apenas nos relatos e provas apresentados pelos delatores da J&F, mas trará fatos revelados por um novo delator da Lava Jato: o doleiro Lúcio Funaro, que está preso desde o ano passado e é apontado como operador de políticos do PMDB.
Nesta terça (5), o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), homologou (validou) o acordo de delação premiada de Funaro. O conteúdo está sob segredo de Justiça.
Os relatos e provas entregues por Funaro deverão ser incluídos pela Procuradoria Geral da República em uma eventual nova denúncia contra Michel Temer, por suposta obstrução de Justiça e organização criminosa.
O presidente passou a ser investigado pelos crimes com base na delação de executivos da JBS, homologada em maio por Fachin. Segundo a PGR, Temer teria dado aval para a compra do silêncio de Funaro e do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pelo dono da JBS, o empresário Joesley Batista.
A suspeita foi levantada a partir da gravação entregue por Joesley de uma conversa com Temer em março, no Palácio do Jaburu, fora da agenda oficial. O presidente nega e diz que o executivo induziu a conversa para incriminá-lo e obter benefícios de uma delação.