Cidades

Meninos de 10 e 11 anos são adotados no Lar da Criança

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) por meio da 1ª Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá comemora no início deste mês de junho três adoções tardias: os menores Sidiwald Crystofher Rodrigues Santos, 11, José Roberto Nunes, 10, e o adolescente Luiz Felipe Ferreira, 14 anos. Todos eles estavam acolhidos no Lar da Criança localizada no bairro Bandeirantes, na capital de Mato Grosso.

Emocionada a juíza da 1ª Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá, Gleide Bispo Santos, realizou no dia 9 deste mês audiência concentrada no Lar da Criança, que tem 17 acolhidos. A maioria tem mais de 12 anos, e possui algum tipo de doença. Características de exclusão apontadas pelos pretendentes no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Dos 39.924 pretendentes cadastrados apenas 5.065 (12.69%) aceitam crianças com doenças (HIV, deficiência física ou deficiência mental) contra 26.024 (65.19%), que somente aceitam crianças sem doenças.

“Estamos fechando o Lar, lá já chegamos a ter 200 crianças, mas estamos mudando para as Casas Lares com até 10 crianças somente. Hoje (9 de junho) até chorei. Conseguimos concretizar a adoção do Sidiwald e do Luiz Felipe, que tem um grau de autismo leve, a guarda provisória de José Roberto [seis meses]. É um dia muito feliz”, ressalta a magistrada.
 
Ao lado da nova família, o professor de Português do Rio de Janeiro, Thiago Carneiro de Almeida, 35, comemorou as adoções de Sidiwald e José Roberto. O processo de habilitação no Rio de Janeiro levou dois anos, com uma vida financeira estabilizada no serviço público, o desejo e a necessidade de cuidar do outro, fomentaram o ingresso na lista de adoção.

Thiago Almeida optou por adotar crianças com doenças e não fez preferência por bebês. O que facilitou todo trâmite processual e aumentou o número de possibilidades. No entanto, após receber uma ligação, num domingo, da juíza Gleide Bispo Santos, decidiu vencer o medo de andar de avião e vir até Cuiabá conhecer Sidiwald para o período de aproximação com o menor. Ficou hospedado no Lar da Criança, acompanhou toda rotina da instituição e conheceu José Roberto.
 
“Me lembrei de uma frase que ouvi no curso: a criança certa vai vir para família certa. Foi um período de muita luta, muita paciência. Sid não me tocava, me empurrava, era muito frio […], mas quem tinha que amar era eu e não o Sid. Eu escolhi adotar. Todas as vezes que ele dizia não, repetia: eu sou seu pai, eu te amo. Você é meu, entre vários, eu te escolhi”, frisa o professor Thiago, que passou momentos difíceis, especialmente em dezembro de 2016, e os meses de janeiro e fevereiro deste ano.

A boa dose de paciência foi rompendo o medo da rejeição do menor, cortou o laço afetivo com o Lar da Criança, e já no final de fevereiro conquistou a verdadeira relação entre pai e filho. Aí perguntou ao Sidiwald: você gostaria de ter um irmão? Ele respondeu: sim, o José Roberto. “Então vou lutar pelo José”, respondeu o pai adotivo. Hoje, ele considera que a família está completa “Sidiwald é o filho desejado e amado, o primogênito. José Roberto, o sonhado”.
 
Jogar futebol, assistir filmes juntos e ir à praia são algumas programações que Sidiwald e José Roberto fizeram em frente à juíza antes de partirem para uma nova jornada. Uma viagem recheada de muitos desafios e alegrias, que vão inundar o contexto da família carioca.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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