Cultura

Festivais Vambora (MT) e Psica (PA) promovem a conexão de artistas amazônicos com shows de Keila e Calorosa

Intercâmbio entre Mato Grosso e Pará coloca para circular artistas que promovem fusão do pop com ritmos tradicionais de suas regiões

Por Assessoria

O Festival Vambora anunciou, na sexta-feira (14/05), a paraense Keila como atração da 4ª edição que reúne, em Cuiabá-MT, importantes nomes da música brasileira, como Planet Hemp, Chico César, Gaby Amarantos, MC Soffia, Cynthia Luz e diversos artistas mato-grossenses. Mais que a confirmação de uma nova atração de fora do estado, o anúncio de Keila é resultado do intercâmbio entre o Vambora e o Festival Psica – um dos maiores festivais independentes do país -, com o propósito de conectar artistas de Mato Grosso e do Pará.

Os dois estados, além de vizinhos, têm em comum artistas que despontam exaltando as suas identidades, a partir da fusão de gêneros musicais contemporâneos e ritmos tradicionais. Keila é uma das responsáveis por promover a mistura inovadora entre o tecnobrega de Belém do Pará e sonoridades de outras periferias do Brasil, como o hip-hop, o funk carioca e o batidão romântico do Nordeste. 

Sua voz marcante e os ritmos dançantes estão presentes nos discos Keila (2017) e Malaka (2019), além dos singles “Vai Tremer” e “Brega Doido”. Produções de uma carreira pautada não apenas pela música, mas também pela habilidade e talento com a dança. “Participei de grupos de hip-hop, fui b-girl e depois mergulhei na dança pop. Tempos depois, veio a febre do ‘Treme’ e percebi que poderia usar as danças de aparelhagens para inovar”, conta a artista. 

Mato Grosso e o Vambora também vão ao Festival Psica 2024, nos dias 13, 14 e 15 de dezembro, levando o show da banda Calorosa, que também se apresenta na 4ª edição do Festival Vambora. Em Belém-PA, os mato-grossenses compõem um line-up que celebra a sonoridade Pan Amazônica, região composta por Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guianas e o Suriname, além do Brasil.

“Pop tropical pantamazônico” é o conceito utilizado pela Calorosa para descrever uma original fusão de ritmos tradicionais da cultura popular de Mato Grosso, como o cururu, siriri, rasqueado e lambadão, como gêneros como o reggae, rock e eletrônico. Por onde ecoa, o som “ardidinho, dançante e politizado” cativa um público a fim de dançar e se divertir, aberto a sonoridades e temas que vão além do que o mainstream entrega. Já são diversas participações em festivais, feiras de música e uma recente turnê nacional desde que a banda surgiu em contexto de pandemia.

“A gente tem construído uma identidade em sintonia com o contexto social e político. Falamos de afeto, liberdade de corpos, amor fora dos padrões e realçamos pautas da agenda de enfrentamento à crise climática”, destaca Karola Nunes, vocalista e compositora da Calorosa. Um dos destaques que integra o primeiro EP da banda, Pacu e Pequi (2021), o “Manifesto Calorista”, por exemplo, abusa de um humor ácido para questionar a monocultura de pensamento, defendendo que a ancestralidade negra, indígena e ribeirinha.

Conexão Mato Grosso e Pará

Alessandra Grandini, coordenadora artística do Festival Vambora, conta que o contato entre o Festival Psica e o Festival Vambora aconteceu quando ela esteve em Belém-MT, no final do ano passado, para participar da terceira edição do Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR). Lá, as produções se conectaram através de uma rede de festivais da Amazônia.

“Nós entendemos que Mato Grosso tem tudo a ver com o Pará. Além da maior parte do território mato-grossense estar na Amazônia, nossa cultura também foi formada pelos encontros e fluxos migratórios com o Pará, que tem a lambada; e nós, o lambadão. O Vambora é um festival que compreende essas questões territoriais, priorizando ritmos e fazeres artísticos nossos, e o Festival Psica também tem essa característica”, explica a produtora do Vambora. 

Realizado há 11 anos em Belém-PA, o Festival Psica vem conectando a cultura popular, grandes nomes da música brasileira com a história dos povos tradicionais da Amazônia, reverenciando quilombos, aldeias e a identidade cabocla da região. Durante três dias, o evento ocupa as ruas da Cidade Velha e o estádio olímpico Mangueirão com cinco palcos, numa experiência imersiva, colocando o grave das Aparelhagens, o Brega, a MPB e o tambor no mesmo nível.

“Essa conexão que estamos realizando com o Vambora, como temos feito com festivais de outras regiões, como o Feira Preta (SP) e o Afropunk (BA), é importante pra gente aquecer a cena. Queremos fazer os artistas circularem para que possamos expandir cada vez mais as nossas culturas entre diferentes regiões”, destaca Gerson Júnior, produtor cultural e diretor do Festival Psica

Para Alessandra Grandini, a proposta de conexão entre os festivais mato-grossense e paraense é um reconhecimento das identidades culturais e, portanto, um ato de resistência. “Geográfica e culturalmente, estamos muito mais próximos do Pará do que do eixo Rio de Janeiro/São Paulo, por exemplo. E mesmo que o nosso estado componha uma parte gigantesca do país, estamos, entre aspas, na periferia do Brasil. Então, é urgente nos conectar”, destaca.

Festival Vambora

De Mato Grosso para o Brasil, a 4ª edição do Festival Vambora já está com ingressos à venda, a partir de R$ 30,00, pelo https://shotgun.live/pt-br/festivals/festival-vambora-4. Chico César, Gaby Amarantos, MC Soffia e Sarah Mitch se apresentam no dia 06 de setembro (sexta-feira). Planet Hemp, Cynthia Luz, Calorosa e Keila se apresentam no dia 07 de setembro (sábado). O local do evento e a programação completa serão divulgados em breve pelo @festivalvamboramt no Instagram.

Foto: Divulgação

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