O juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, aceitou nesta quarta-feira mais uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-governador Sérgio Cabral pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Com a decisão do magistrado, Cabral foi colocado pela 15ª vez no banco dos réus a partir das investigações de um esquema de corrupção que teria vigorado durante seus dois mandatos como governador, entre 2007 e 2014.
Além do peemedebista, tornaram-se réus o ex-secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes, o empresário Arthur Soares, o “Rei Arthur”, e outras cinco pessoas. O MPF sustenta que Cabral recebeu, por meio de operadores financeiros, 10,4 milhões de dólares em propina de Soares em troca de benefícios às empresas dele, que chegaram a ter 3 bilhões de reais em contratos com o governo do Rio durante a gestão do peemedebista.
Em outra investigação, “Rei Arthur” também é apontado como responsável pelo pagamento de 2 milhões de dólares em propina a um dirigente do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 2016. Ele vive em Miami e é considerado foragido pelas autoridades brasileiras.
Ao aceitar denúncia do MPF, o magistrado não faz juízo sobre o mérito da acusação e observa apenas se os procuradores reuniram indícios suficientes para que os acusados sejam levados a julgamento.
Os 10,4 milhões de dólares citados pelos procuradores teriam sido pagos por Arthur Soares ao doleiro Renato Chebar a partir de uma conta no EVG Bank, em Antígua e Barbuda, na América Central. Chebar e seu irmão, Marcelo Chebar, fecharam acordos de delação premiada com o MPF e detalharam como encaminhavam o dinheiro sujo ao ex-governador fluminense. Os repasses eram feitos por meio de contratos fictícios com empresas de emissários de Cabral ou entrega de dinheiro em espécie a eles.
Cabral está preso desde novembro de 2016. Ele está custodiado no presídio José Frederico Marques, em Benfica, Zona Norte carioca.
No caso de Sérgio Côrtes, preso na Operação Fatura Exposta, a acusação do MPF afirma que ele recebeu 148.000 reais em propina de “Rei Arthur” entre 2011 e 2012. O valor teria sido desembolsado pela Facility Segurança Ltda., uma das empresas de Soares, em uma reforma que implantou um sistema de segurança no apartamento de Côrtes, na Lagoa, Zona Sul do Rio.
Além de Sérgio Cabral, Sérgio Côrtes, Renato Chebar e Arthur Soares, tornaram-se réus Eliane Pereira Cavalcante, sócia de Soares, e os operadores de propina Carlos Miranda, Enrico Vieira Machado e Leonardo de Souza Aranha.