Economia

Do petróleo à soja: o Brasil no embate entre EUA e Irã

Como costuma acontecer na geopolítica internacional, a corda estica primeiro do lado mais fraco. E isso não é uma boa notícia para o Brasil. Enquanto os desdobramentos da morte do general Qassim Soilemani continuam para lá de incertos, o país pode sofrer consequências por seu alinhamento automático aos Estados Unidos, responsáveis pela morte do militar.

O Irã convocou a encarregada de negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes, segundo confirmou o Itamaraty nesta segunda-feira. O embaixador brasileiro no Irã, Rodrigo Azevedo, está de férias. Um dia após o ataque americano, a chancelaria brasileira divulgou uma nota em que disse apoiar “a luta contra o flagelo do terrorismo”, repetindo discurso dos Estados Unidos.

A convocação traz preocupação para exportadores por mais uma vez colocar o Brasil, de gaiato, nas tensões geopolíticas do Oriente Médio. Ano passado a insistência de Jair Bolsonaro em transferir a embaixada em Israel para Jerusalém provocou reações de países árabes. O Brasil vendeu mais de 2 bilhões de dólares me produtos ao Irã em 2019, com destaque para milho, soja, carne e açúcar.

Outro desdobramento possível para o Brasil o cancelamento da viagem de Bolsonaro ao fórum econômico de Davos, no fim de janeiro, por questões de “segurança”. Ontem, o presidente afirmou que a tendência é de estabilização no preço dos combustíveis, após alta de 3,5% na sexta-feira após o ataque. Ele reuniu autoridades ontem para discutir possíveis iniciativas para compensar a alta no preço dos combustíveis.

Uma boa notícia: o preço do petróleo abriu em queda nesta terça-feira, após analistas passarem a considerar pouco provável um ataque iraniano a bases de produção e refino porque isso colocaria ainda mais em xeque a economia do país.

Os desdobramentos da morte de Soilemani continuam em aberto. Os Estados Unidos negaram ontem a possibilidade de retirar suas tropas do Iraque, mesmo após comunicado da coalizão militar instalada no país para combater o Estado Islãmico. O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, exigiu que a resposta à morte do general seja conduzida diretamente pelas forças militares, e não por grupos terceirizados, usualmente usados pelo país.

Nesta terça-feira parlamentares iranianos aprovaram uma lei que classifica como terroristas todos os militares americanos. Em meio à troca de ameaças quem pode perder é o Brasil, mesmo estando a 12 mil quilômetros de Teerã.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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