Foto Ahmad Jarrah
Por Marcia Matos/ Reporter MT
Em termo de delação premiada, ao qual o Reporter MT teve acesso com exclusividade, o empreiteiro Giovani Guizardi, apontado como um dos líderes do esquema de fraudes em licitações de obras da Secretaria de Educação, declarou ao Ministério Público Estadual que o deputado Guilherme Maluf (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa, era o destinatário da maior parte da propina arrecadada.
Segundo o delator, Maluf ficava com 25% da propina arrecada junto às empreiteiras, que se sagravam “vencedoras” de licitações de obras da Seduc.
O montante em questão era referente a 5%, cobrados como propina sobre o valor recebido por obra.
Outros 25% seriam destinados ao ex-secretário Permínio Pinto, que está preso. Também ficava com 25% o empresário Alan Malouf, segundo o delator.
Já os ex-servidores Wander Reis e Fábio Frigeri recebiam 5% cada.
Giovani Guizardi, que era o operador do sistema, ficava com 10% do total “arrecadado”.
Outros 5% eram usados para cobrir despesas de estrutura do “quartel general” do grupo criminoso,localizano no prédio onde funciona a Dínamo Construtora de propriedade de Guizardi
Na delação, Guizardi ainda afirma que Maluf era quem tinha o "real poder político na Seduc".
Ao Ministério Público, o delator relatou que tomou conhecimento do esquema criminoso e passou a atuar nele, em abril de 2015, por meio do empresário Alan Malouf, que é primo de sua esposa. O familiar lhe revelou que tinha o costume de financiar campanhas eleitorais para depois obter vantagens em contratos do Governo do Estado.
Guizardi disse que ficou interessado no assunto e buscou conhecer melhor o esquema por meio de informações repassadas pelo então superintendente de estrutura escolar Wander Reis. O ex-sevidor explicou que o esquema cobrava das empreiteiras 3% de propina do valor que cada uma receberia pela obra contratada.
Guizardi frisou que foi ele quem propôs que o montante aumentasse para 5% e com o apoio de Alan Malouf conseguiu conquistar a confiança dos envolvidos no esquema, que passou a ter lucro maior sob sua "gestão".
Em declaração, Guizardi relatou que desde que assumiu o controle do esquema, as empreiteiras que cediam e pagavam propina de 5% da medição da obra, tinha a garantia de recebimento das outras duas parcelas [da medição da obra]. Aquelas que não concordavam ou não cumpriram com o "compromisso" tiveram os pagamentos suspensos até que regularizassem a propina.
Guizardi, que estava preso desde o dia 3 de maio, quando foi alvo da Opração Rêmora, promovida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deixou a prisão na noite desta quarta-feira (30), após firmar o acordo de delação premiada.
O OUTRO LADO
O Reporter MT tentou contato com o deputado Guilherme Maluf, mas as ligações não foram atendidas. A assessoria de imprensa do parlamentar também não atendeu as ligações da reportagem.
O deputado não foi encontrado em seu gabinete, na Assembleia Legislativa, na tarde desta quinta-feira (01). Até o fechamento dessa matéria, nenhum posicionamento oficial foi encaminhado.