A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados encaminhou hoje (9) ofícios para autoridades do estado do Paraná e órgãos do governo federal pedindo apuração dos atos de violência ocorridos em meio às manifestações promovidas em razão da prisão de Lula no último sábado. O confronto entre os manifestantes deixou oito pessoas feridas, entre elas três crianças, um policial militar e manifestantes favoráveis ao ex-presidente.
Segundo o presidente da CDHM, deputado Paulão (PT-AL), por iniciativa própria o colegiado da Câmara enviou os documentos ao governo estadual, à Secretaria de Segurança e ao Ministério Público estadual, além dos ministérios da Justiça, da Defesa e a Procuradoria-Geral da República, pedindo esclarecimentos e investigação sobre o fato.
Paulão disse à Agência Brasil que o objetivo é garantir o direito de liberdade de expressão e que as manifestações ocorram de forma pacífica. “A ideia é ver a possibilidade de termos audiências com as autoridades locais, verificar como foi essa agressão. Infelizmente, há um sentimento aí, declarações até muito fortes de ministros no plano da justiça, querendo cercear a liberdade de expressão. Isso é muito grave, contraria todo um direito que sociedade conquistou desde 88 e é referência para o mundo”, declarou.
Ontem, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, disse que conversou com o ministro da Segurança Pública pedindo para investigar as agressões. O partido também quer uma sindicância na Polícia Federal para apurar a denúncia de que agentes jogaram bombas contra os manifestantes.
Visita a Lula
O deputado Paulão chegou à Curitiba na manhã de hoje para se reunir com integrantes do PT. Ele disse que a comissão que preside quer visitar o ex-presidente na prisão para checar a sua situação “como cidadão”. A possibilidade da visita está sendo acertada com o advogado de Lula.
Além de apurar como ocorreram as agressões, Paulão disse que a CDHM quer que o governo federal apure a gravação de áudios em tom desrespeitoso contra Lula, durante o voo que conduzia o ex-presidente à Curitiba. Nos áudios, as pessoas insinuam que ele deveria ser jogado do avião.
“Teve pessoas que usaram laser contra o helicóptero, poderia até ocorrer um acidente grave. É preciso também apurar aquele áudio, e a Aeronáutica tem isso, uma pessoa usando o sistema interno de comunicação dizendo que “tem que jogar” [Lula do avião]. Isso é muito grave, principalmente, porque quem usa sistema de rádio são as autoridades policiais. Isso é gravíssimo, então tem que ser apurado num campo do Ministério da Justiça e do Ministério da Defesa. E o Ministério Público Federal também não pode ficar silente em relação isso”, acrescentou o deputado.
A Força Aérea Brasileira (FAB) já se manifestou por meio de nota confirmando que os áudios são reais. A FAB esclareceu, no entanto, que as declarações não foram feitas por controladores de voo.