Foto Fábio Motta/ Estadão
A agência de classificação de risco Fitch avalia que a devolução de R$ 100 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aos cofres do Tesouro Nacional reduzirá a capacidade de empréstimo do banco e contribuirá para o declínio da fatia de mercado do BNDES no longo prazo.
A Fitch diz que, excluindo-se o capital híbrido, os Fundos do Tesouro totalizaram 61% do financiamento do BNDES, enquanto o Fundo de Assistência aos Trabalhadores (FAT) representava mais 28% do total no fim de junho. O Tribunal de Contas da União (TCU) deu aval na semana passada para o plano de devolução do empréstimo feito pelo Tesouro, e a agência lembra que declarações do comando do BNDES indicam que essa devolução deve ser acelerada para ocorrer antes do fim de 2016. O plano inicial previa pagamentos ao longo de vários anos.
A agência diz que o pagamento é de magnitude suficiente para afetar a estratégia de negócios do BNDES, “em linha com a expectativa da Fitch de que a fatia de mercado decline no mais longo prazo”. A Fitch diz que isso deve ocorrer porque não espera que o Tesouro conceda novos financiamentos ao banco com taxas preferenciais.
Setores prioritários. Com isso, o BNDES deve enfatizar mais “certos setores prioritários”, diz a agência, que podem incluir infraestrutura, energia renovável, administração pública, projetos ambientais, investimentos sociais corporativos e micro, pequenas e médias empresas. Isso também deve significar um papel maior para o setor privado no financiamento corporativo e de projetos no longo prazo, o que também pode provocar uma elevação nas taxas de empréstimo no longo prazo. “Isso pode ser um desafio para o governo, a menos que fontes alternativas de financiamento sejam encontradas, já que a demanda das companhias por empréstimos deve ser afetada com o declínio dos empréstimos subsidiados, exacerbando os gargalos da infraestrutura no País.”
Em termos de financiamento, a Fitch avalia que o BNDES confiará mais na emissão direta de bônus, como resultado. A Fitch diz, porém, que não devem ocorrer mudanças na propensão do governo de apoio ao banco de desenvolvimento.
Fonte: Estadão
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