Cidades

Atropelador culpa buraco por acidente no Rio

O motorista Diogo Barreira Brito, 29 anos, que atropelou e matou a ex-nadadora medalhista dos Jogos Pan-Americanos, Sarah Corrêa, e o funcionário público Paulo Soares disse nesta terça-feira (5) que uma obra pública foi responsável pelo acidente. “Vocês vão lá e procura lá a Cedae, aquele buraco”, se limitou a dizer aos jornalistas ao ser questionado sobre sua culpa no atropelamento.

Diogo compareceu à delegacia do Recreio dos Bandeirantes às 15h, para prestar novo depoimento. Acompanhado pela mulher e pelo advogado, ele não quis gravar entrevista. “Não tenho nada a declarar.

Em nota, a Cedae informou que não foi realizado nenhum serviço recente na altura do número 14000 da Estrada dos Bandeirantes, onde ocorreu o atropelamento, e que sinaliza todas as suas obras para alertar motoristas e pedestres. A concessionária ressaltou ainda que vai apurar se alguma terceirizada a serviço da companhia realizou alguma intervenção emergencial no trecho. A Secretaria de Conservação e Serviços Públicos informou o local será vistoriado na manhã desta quarta-feira.

O acidente ocorreu na noite de sexta-feira (1), na Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Pequena, e foi filmado por câmeras de segurança. As imagens mostram que motorista perdeu o controle da direção do carro e avançou sobre o ponto de ônibus. O funcionário público Paulo Soares, de 58 anos, morreu no local. A ex-nadadora Sarah chegou a ser socorrida com vida, mas teve morte confirmada na tarde de sábado (2).

Além de Diogo, cinco testemunhas foram ouvidas nesta terça-feira. Entre elas, a filha de Paulo Soares e duas pessoas que moram nas imediações do local onde ocorreu o atropelamento. Eles afirmaram que o carro estava em alta velocidade. Ele tem 15 multas trânsito, a maioria delas por excesso de velocidade e avanço de sinal.

Diogo não prestou socorro. Num primeiro depoimento à polícia, ele alegou que não socorreu as vítimas porque também se feriu e procurou atendimento num hospital. Os investigadores tentam confirmar se ele foi mesmo atendido por algum médico. Procurado pelo equipe de reportagem, o motorista não atendeu às ligações.

Enterro
O corpo de Sarah foi velado e enterrado no Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio na segunda-feira (4). A jovem de 22 anos foi atropelada perto de casa, em Vargem Pequena, na Zona Oeste, nesta sexta-feira (1º). Além dela, Paulo Pessoa, de 58 anos, também foi atingido pelo veículo e morreu.

Para se despedir, Maria de Fátima Goncalves fez questão de vestir a jovem com o uniforme da Seleção Brasileira de Natação. Pouco depois das 14h, familiares levaram o caixão para ser enterrado no Cemitério do Caju.

A mãe da ex-atleta afirmou durante o velório, que começou às 8h, que buscará justiça. Testemunhas disseram à família que o motorista estava embriagado e em alta velocidade.

 

"Eu vou ser uma guerreira em busca de justiça por ela. Eu disse e repito: a minha filha sentava comigo à mesa do café e dizia 'mãe, eu não vim ao mundo para ser uma qualquer'. Ela está fazendo a diferença agora, ela quer que eu lute por todas as mães que estão com o coração despedaçado e perderam seus filhos de uma forma brutal", afirmou Maria de Fátima, muito emocionada, ao lado do caixão.

Ela lamentou não ter conseguido doar os órgãos da filha. "Era o meu desejo, mas não foi a justiça de Deus."
O pai da ex-nadadora, Benedito Bismark Corrêa, também estava muito emocionado ao receber parentes e amigos. Um representante do Fluminense entregou uma bandeira do time para a mãe, que foi colocada sobre o corpo.

Liberação do corpo
A mãe da ex-nadadora passou a tarde deste domingo no Instituto Médico Legal (IML) ao lado do marido e de parentes aguardando a liberação do corpo.
"Uma menina disciplinada, uma menina que tem uma legião de amigos. Nas redes sociais, todo mundo está inconformado com a morte dela. Ela tinha planos de voltar a nadar pelo Flamengo ano que vem", contou Maria de Fátima Gonçalves.

Sarah era atleta e conquistou a medalha de prata para o Brasil no revezamento 4 x 200 m livre nos jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México, em 2011. Ela parou de treinar em 2014 e atualmente trabalhava como vendedora em uma loja no Leblon.

Segundo os parentes, na sexta-feira Sarah estava indo para uma festa encontrar os amigos do trabalho e pretendia voltar a competir no ano que vem.

Câmera registra o acidente

O atropelamento foi gravado por uma câmera de segurança instalada em uma das casas na Estrada dos Bandeirantes, na altura de Vargem Pequena. O motorista avançou à esquerda em direção ao ponto de ônibus e atropelou duas pessoas.

Um homem que mora em uma casa em frente ao ponto disse que foi um susto quando ouviu o barulho do carro derrubando o muro dele. "Estava na sala. Quando escutei o barulho, eu vim ver, aí vi só aquela poeira e só depois que a poeira desceu que eu vi que era um carro", contou.

Investigação
Um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias do caso. Em nota a Polícia Civil informou que o motorista prestou depoimento na delegacia do Recreio horas após o crime. Ele alegou que depois do acidente foi a um hospital para cuidar dos ferimentos e que, por isso, não prestou socorro às vítimas. Os agentes buscam o histórico desse suposto atendimento médico a que o motorista se referiu.

Um morador que preferiu não se identificar disse que Diogo tem costume de andar em alta velocidade e que no dia do acidente estava com sinais de embriaguez.

“O motorista estava visivelmente embriagado nós nos preocupamos com ele. Tiramos ele, perguntamos se tinha vítima, ele alegou que não tinha. Nós procuramos por vítimas e não encontramos, mas ficamos tranquilos. Quinze minutos depois da chegada dos bombeiros, que os bombeiros, com a experiência deles, foram levantar e encontrar as duas pessoas debaixo do carro. Ele [o motorista] costuma correr, dá cavalo de pau. Não é a primeira vez”, contou.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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