Fotos Ahmad Jarrah
"Não decepcionarei o povo cuiabano. Tudo farei para não frustrar aqueles que me elegeram nas urnas para ser o prefeito da Capital dos 300 anos”. Essas foram as palavras do prefeito eleito de Cuiabá para o quadriênio 2017/2020, Emanuel Pinheiro (PMDB), ao participar, nesta quarta-feira (21), de sua última sessão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso como parlamentar.
Fazendo uma breve retrospectiva do último pleito, importante lembrar que o cenário das eleições para prefeitura de Cuiabá 2016 foi incerto até o último instante. A população, que esperava uma disputa quase ganha entre o prefeito Mauro Mendes (PSB), Valtenir Pereira (PMDB) e Procurador Mauro (Psol), foi surpreendida com o recuo do PMDB e a desistência do Mendes.
Com o desgaste político de Valtenir, devido ao voto contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o partido apontou o deputado estadual Emanuel Pinheiro (PMDB) como candidato à prefeitura de Cuiabá.
Mendes alegando “problemas pessoais” desiste da reeleição. No prazo máximo para a publicação do nome da chapa no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o partido tucano, que antes ditaria apenas o nome do vice-prefeito, encabeça a chapa e aponta o ex-prefeito de Cuiabá e deputado estadual, Wilson Santos.
Com seis candidatos à cadeira no Palácio Alencastro, a campanha durou apenas 45 dias e apontou em diversos momentos o Procurador Mauro como líder nas pesquisas, e Santos como o mais rejeitado pelos eleitores. Contudo, na reta final, os deputados Wilson Santos e Emanuel Pinheiro foram ao segundo turno com uma diferença de 16 mil votos.
O segundo turno foi marcado por acusações envolvendo os irmãos dos candidatos. Emanuel Pinheiro apresentou um áudio em que revelava que o irmão de Wilson, Elias Santos, coagia os servidores da Metamat – órgão que presidia -, a participarem de um encontro da coligação do irmão. Na gravação, Elias ameaça demitir os detentores de cargos comissionados, caso não comparecessem ao encontro.
Wilson, por sua vez, acusou Emanuel Pinheiro (PMDB) de participar de um esquema de recebimento de incentivos fiscais, pela empresa Caramuru Alimentos, por meio de sua cunhada, Barbara Pinheiro. Segundo o tucano, o irmão de Emanuel, Marco Polo, e a cunhada, o procuraram no período eleitoral para ele não divulgar o recebimento de uma possível propina no valor de R$ 4 milhões por meio da empresa Caramuru.
Em meio à troca de acusações, Pinheiro conseguiu se eleger no dia 30 de outubro com 157.877 votos, o que corresponde a 60,41% dos votos válidos, enquanto Wilson Santos obteve 103.483 votos, que equivale a 39,59%.
Perfil
Emanuel, que tem 51 anos, é deputado estadual, e essa é a segunda vez que ele concorre à prefeitura de Cuiabá. Ele representa a coligação “Um novo prefeito para uma nova Cuiabá” (PMDB, PTB, PR, PMB, PROS, SD, PSC, PTC, PT do B, PPL, PP e PRP). O vice-prefeito eleito é Niuan Ribeiro (PTB).
Filho do ex-deputado federal Emanuel Pinheiro da Silva Primo e de Maria Helena de Freitas Pinheiro, Emanuel nasceu em Cuiabá em 12 de abril de 1965. Aos 18 anos, entrou para a Faculdade de Direito do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Formou-se bacharel em 1988.
Aos 23 anos iniciou a carreira política, sendo eleito vereador de Cuiabá com 1.043 votos. Em 1994, foi eleito deputado estadual e, em 1998, foi reeleito para o cargo. Aos 38 anos foi professor de direito constitucional em uma universidade de Cuiabá. Em 2005, foi secretário municipal de Trânsito e Transportes Urbanos de Cuiabá. Em 2010 e 2014 foi eleito para o cargo de deputado estadual.
Plano de trabalho
Entre as principais propostas do prefeito eleito está a implantação da hora estendida nas creches e Centro Municipais de Educação Infantil CMEIs. De acordo com o projeto, as unidades escolares funcionarão uma hora a mais para atender os pais que trabalham até mais tarde. Além disso, Emanuel promete a expansão do projeto Guarda Armada por meio de um convênio com o governo do estado. No projeto, policiais militares poderão, voluntariamente, optar por trabalhar na folga e receber pelas horas trabalhadas.
Nomes já indicados para o primeiro escalão
O primeiro escalão da gestão de Emanuel Pinheiro já está quase definido. Em uma semana ele fez dois anúncios. Para a Secretaria Municipal de Gestão, indicou o empresário Rafael de Oliveira Cotrim Dias, que, segundo Pinheiro, é uma pessoa com sensibilidade pública, que mescla o perfil político e técnico. Ele é filiado ao PTB, legenda que integra nossa base de apoio. Sua principal meta à frente da pasta será, junto com os servidores, modernizar a máquina administrativa e a gestão municipal.
A pasta de Governo, por sua vez, ficará com Carlos Roberto da Costa, mais conhecido como Nezinho. É um amigo de longa data de Emanuel Pinheiro. Já foi secretário adjunto de Estado de Fazenda e prefeito de Nossa Senhora do Livramento (MT) por três mandatos – 2001 a 2004, 2005 a 2008 e 2013 a 2016. Atualmente está sem filiação partidária. Sua função será a articulação política e institucional e a coordenação dos planos e programas transversais da administração.
Já o economista Antônio Roberto Possas de Carvalho, comandará a Secretaria de Fazenda. Ele é fiscal de tributos estaduais, aposentado; foi secretário de finanças do município de Cuiabá (89 a 92) e diretor administrativo da Secretaria Municipal de Transportes em 2005. Sua principal meta será modernizar e agilizar a política tributária e financeira do município, em conjunto com os servidores, de modo a não sacrificar o contribuinte.
Quem assumirá a Secretaria Municipal de Obras Públicas será o engenheiro civil Vanderlúcio Rodrigues da Silva. Profissional formado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), ele possui experiências no setor público e privado. Vanderlúcio é uma indicação do Partido Progressista (PP), legenda da base de sustentação. Seu nome foi escolhido dentre uma lista quíntupla apresentada pela sigla.
A futura titular da Secretaria Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Humano será Singlair Ciekalski de Musis, vice-presidente do PMDB Mulher e ex-Coordenadora de Creches da Prefeitura de Cuiabá (89 a 92), com experiência nas áreas de Relações Públicas e Recursos Humanos.
Na Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana o indicado é Antenor de Figueiredo Neto, bacharel em ciências contábeis e auditor fiscal da Prefeitura de Cuiabá há 34 anos. Antenor também acompanha Emanuel há bastante tempo, é filiado ao PMDB e já atuou como secretário de Trânsito e Transporte Urbano na gestão do prefeito Mauro Mendes (PSB) nos anos de 2013 e 2014.
CÂMARA DOS VEREADORES
A Câmara de Cuiabá começa nova legislatura em 2017 com renovação de 50% dos vereadores. Doze dos 25 que vão ocupar as cadeiras nos próximos quatro anos foram reeleitos na disputa municipal deste ano. São eles: Adevair Cabral (PSDB), Chico 2000 (PR), Juca do Guaraná Filho (PT do B), Lilo Pinheiro (PRP), Marcrean Santos (PRTB), Mario Nadaf (PV), Paulo Araujo (PP), Toninho De Souza (PSD), Wilson Kero Kero (PSL), Dilemario Alencar (PROS), Dr. Ricardo Saad (PSDB) e Renivaldo Nascimento (PSDB).
Toninho de Souza foi candidato mais votado (5.620), seguido de perto pelo novato Misael Galvão (5.095) com quem formou grupo para disputar a Mesa Diretora. Em contagem por partido, o pouco expressivo PV conseguiu contornar o tempo menor de campanha e a exposição no rádio e na TV e elegeu quatro candidatos.
PSB e PSDB ficaram empatados em segundo lugar com três candidatos eleitos cada. Outra novidade foi o crescimento do PSC, que apesar de ter elegido apenas dois vereadores, não tinha nenhum representante até as eleições deste ano na Câmara de Cuiabá. Grandes partidos como PT e PMDB não conseguiram colocar nenhum representante.