Foto Clayton de Souza/ Estadão
GENEBRA – Apesar de o Brasil viver uma de suas piores crises econômicas em décadas, o número de milionários no País continua a se expandir. Dados publicados nesta segunda-feira, 21, pelo Credit Suisse apontam que 10 mil novos brasileiros passaram a ser considerados como tendo uma fortuna acima de US$ 1 milhão, somando um total de 172 mil pessoas em 2016.
Os dados se contrastam com a realidade econômica do País, com um desemprego recorde. Segundo o próprio estudo revelado na Suíça, o Brasil "enfrenta sérias dificuldades".
Em dólares, a renda média de um brasileiro é hoje apenas um terço do que era em 2011, com uma das maiores quedas entre as grandes economias. "Ainda que o patrimônio tenha continuado a aumentar na moeda local, esses ganhos são em grande parte inflacionários", indicou.
"Dados anteriores mostraram que a média da renda de uma família triplicou entre 2000 e 2011, saindo de US$ 8 mil por adulto para US$ 27,1 mil", explicou o informe. "A história da riqueza no Brasil foi uma de um boom e de uma explosão", alertou. Em 2016, os dados apontam que a renda média de um adulto voltou a cair para apenas US$ 21 mil por ano.
Na avaliação realizada por um dos maiores bancos da Suíça, ativos financeiros continuam representando 36% do patrimônio de famílias no Brasil. "Muitos brasileiros mantém uma relação especial com ativos imobiliários, especialmente em forma de terra, como uma proteção contra futura inflação", indicou.
A dívida de famílias, porém, se manteve estável, passando de 19% de seu patrimônio em 2015 para 18% em 2016. Na avaliação do banco, isso pode "refletir uma maior cautela diante do aumento de incertezas que o país atravessa".
Apesar da crise e da queda no patrimônio em dólares, o próprio banco revela a dimensão da desigualdade social no Brasil e aponta que o fenômeno é "relativamente alto".
Além dos 172 mil milionários no país, o Brasil conta com 245 mil adultos entre a camada que representa 1% da riqueza mundial.
Ao mesmo tempo, o Brasil tem 24 milhões de pessoas com uma renda inferior a US$ 249,00 por ano. Essa população é classificada pelo banco como "o fundo" da sociedade mundial. "O nível relativamente alto de desigualdade reflete a desigualdade de renda, o que por sua vez está relacionado com um padrão desigual de educação pela população e a divisão entre os setores da economia formal e informal", aponta o banco.
O país que registrou um maior incremento de milionários em 2016 foi o Japão, com 738 mil novas pessoas nessa categoria, atingindo 2,8 milhões de cidadãos. Nos EUA, eles já são 13,5 milhões de pessoas, contra 1,6 milhão na Alemanha. Entre as maiores economias da América Latina, o número de milionários caiu na Argentina e México. Na China, com 1,5 milhão de milionários, a economia também perdeu 43 mil pessoas nessa categoria.
No mundo, o número total de milionários passou de 32,3 milhões em 2015 para 32,9 milhões em 2016. 596 mil novas fortunas foram registradas no ano.
Fonte: Estadão