Burquíni é usado predominantemente por muçulmanas e cobre todo corpo (Foto: AP)
As tentativas de proibir mulheres de burquíni nas praias da Riviera Francesa sofreram mais um revés, depois que um juiz de Nice declarou que a proibição do traje de banho que esconde o corpo todo é ilegal na cidade.
O veredicto emitido na quinta-feira foi a mais recente de várias arbitragens contra as proibições impostas por autoridades locais de dezenas de estâncias litorâneas do sudeste da França no mês de agosto, auge das férias regionais — proibições que desencadearam uma polêmica intensa dentro e fora do país.
Nice, onde 86 pessoas morreram em um ataque de um militante do Estado Islâmico em julho, foi uma de cerca de 30 cidades da região majoritariamente direitista da nação a banir o burquíni com a justificativa de que o traje representa uma ameaça à ordem pública.
O burquíni, que é usado predominantemente por mulheres muçulmanas e cobre todo o corpo, exceto o rosto, as mãos e os pés, se tornou um alvo em um momento no qual a política identitária está ganhando terreno na esteira de uma série de ataques islâmicos mortíferos na França.
As proibições expuseram as dificuldades da França secular em lidar com a tolerância religiosa na sequência dos atentados.
Nice se tornou um símbolo da controvérsia do veto ao burquíni quando as mídias local e estrangeira divulgaram fotos de policias obrigando uma banhista a retirar parte da vestimenta.
No início desta semana, o escritório de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) pediu que os resorts de praia franceses suspendessem a interdição do burquíni, classificando-a como uma "reação estúpida" que não melhora a segurança, mas ao invés disso alimenta a intolerância religiosa.
Embora a polêmica possa arrefecer com o fim das férias de verão, o furor em torno do burquíni sublinhou as tensões que devem imperar antes das eleições de maio próximo.
Embora seja um país tradicionalmente católico, mas que também abriga grandes comunidades judias e muçulmanas, há bem mais de um século a França fez da separação entre igreja e Estado uma pedra angular da vida política.
Fonte: G1