Política

Dois municípios de Mato Grosso têm apenas um candidato

Duas cidades em Mato Grosso têm apenas um candidato ao cargo majoritário nas eleições deste ano. Nova Mutum e Nova Xavantina devem reeleger seus atuais prefeitos por falta de candidato alternativo, prolongando o tempo de vida deles frente ao poder.

Em Nova Mutum (250 km de Cuiabá), Adriano Pivetta (PDT) deve ir para seu quarto mandato num intervalo de 16 anos. Foi eleito pela primeira vez como prefeito em 2000 e voltou a reeleger em 2004. Por causa de determinação judicial, que impede uma sequência de três mandatos por uma mesma pessoa consecutivamente, Pivetta se afastou oficialmente do cargo em 2008, quando encerrou o segundo quadriênio de sua gestão.  Em 2012, ele se candidatou novamente e foi eleito, e em 2016 tentará uma dobrinha de oito anos seguidos de comando na prefeitura.

“Isso [ausência de concorrência] me incomoda, é ruim para a democracia. Mas, estamos realizando um trabalho muito bom em Nova Mutum, cidade que hoje está em expansão e dentre as principais produtoras de Mato Grosso. E mais, estar somente eu concorrendo ao cargo não significa que a eleição esteja ganha. Vou precisar conquistar o voto dos eleitores para conseguir me eleger”, diz.

Pivetta diz que de todas as disputas de que participou, a deste ano é a primeira em que não tem concorrente ao cargo.

Segundo informações da 5ª Zona Eleitoral de Nova Mutum, somente Adriano Pivetta e Leandro Félix Pereira, ambos em campanha de reeleição, registraram candidatura para prefeito e vice-prefeito, respectivamente. Eles integram a chapa majoritária "Exemplo de Progresso", formada por 15 partidos – PP, PDT, PSC, PR, PPS, DEM, PSDC, PMN, PSB, PRB, PSD, PEN, PHS, PROS, PSDB.

À Justiça Eleitoral, Pivetta declarou um total de bens de R$ 27 milhões, quase a metade disso (R$ 12.673.104) é referente a fazendas de produção agropecuária na região. O valor de porteira fechada da maior delas está declarado no Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) em R$ 4 milhões. Outras duas valem R$ 2,5 e R$ 2,3 milhões.  Ao todo, o empresário tem nove fazendas registradas em seu nome.

Em cota de participação na empresa AMF Pivetta Transportes, ele declarou a quantia de R$ 1,8 milhão. Outro valor expressivo aparece também como cota de participação em nome da AMF Pivetta Agricultura e Pecuária Ltda, cujo montante a que o prefeito tem direito está hoje em R$ 4,9 milhões.

Melhor índice de desenvolvimento municipal

Com uma população de 39.712 habitantes, com 24 mil em condições de registrar voto neste ano, conforme o TRE-MT, Nova Mutum se destaca no cenário estadual por causa de sua participação no mercado do agronegócio, com a produção nos pontos mais fortes do setor –  as lavouras de soja, milho e algodão, além da pecuária. 

Pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Nova Mutum é a quarta cidade com melhor Índice de Desenvolvimento Municipal (IFDM) em Mato Grosso. O levantamento leva em consideração os serviços em emprego, saúde e educação.  

“São as áreas em que estamos trabalhando para oferecer proposta de candidatura neste ano, é uma demanda que sempre cresce, e o município precisa se aplicar nas áreas para manter a qualidade de vida”, diz Pivetta.

 A cidade tem hoje instaladas em seu território grandes empresas ligadas ao mercado agropecuário, como Bunge Alimentos, maior esmagadora de soja da América Latina, a Cooperativa Agroindustrial C. Vale, o frigorífico de suínos Vanguarda Agro, e o de aves da BRF S.A, e a indústria de sucos de uva Melina.

Vice assume cargo para viabilizar campanha

Em Nova Xavantina (1.686 km de Cuiabá), o cenário é semelhante.  João Batista “Cebola” (PSD) assumiu o cargo em janeiro deste ano com saída do prefeito Gercino Caetano Rosa (PSD), que “abriu espaço” para o vice ocupar a cadeira. Antes disso, Cebola foi vereador no município por três mandatos.

“Eu considero uma benção de Deus não ter concorrente para disputar o cargo da prefeitura. Para mim, isso demonstra a satisfação da população com o nosso serviço, pois, apesar das dificuldades, estamos conseguindo fazer trabalho compromissado com o cofre público e com a assistência à população”, diz.

Segundo Cebola, outros três nomes estavam cogitados para candidatura a prefeito do município no começo deste ano; mas houve desistência e, hoje, um deles concorre ao cargo de vereador em sua chapa. “Nós temos 80% de aprovação da população. Talvez os que pensavam em concorrer viram que não ia ter jeito [de concorrer para cargo]. Mas, eu não fiz nenhum trabalho sujo para ficar sozinho na disputa”.

O candidato informou, à 26ª Zona Eleitoral de Nova Xavantina, possuir bens no valor de R$ 314.965. O maior deles está em uma casa de alvenaria em Cuiabá, cujo valor estimado é R$ 200 mil. Disse também que possui um terreno de R$ 40 mil em Nova Xavantina e R$ 28 mil em participação em cooperativa de crédito; um carro popular com valor de R$ 20 mil; um barco de luxo que vale R$ 5 mil e R$ 8,9 mil em conta corrente.

Ele tem quase hegemonia de apoio em sua candidatura, diz que nove dos 11 vereadores na Câmara municipal participam do cargo da aliança, que agrega 18 partidos- PSDB, PP, PDT, PR, PMB, PRP, PT, PV, PTB, PSL, PSB, PSD, SD, DEM, PRB, PMDB, PC do B e PSC.

Pecuária é o forte do município

Nova Xavantina também é outra cidade com economia movimentada pelo agronegócio, com destaque para a pecuária que está hoje com estimativa de 500 mil cabeças de gado. A localidade também tem lavouras, de soja e milho, com aproximadamente 70 mil hectares cultivados.

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Nova Xavantina tem hoje uma população de 19,4 mil habitantes. Desse total, 15 mil estão aptos a votar nestas eleições, conforme o TRE-MT. João Batista repetiu o acordo de 2012 e concorre a prefeito acompanhado por Weliton do Nascimento como vice.

Conforme o TRE-MT, em municípios com mais de 200 mil eleitores, o candidato a prefeito só é eleito se obtiver 50% dos votos válidos, mais um. Nas cidades com menos de 200 mil eleitores, é reconhecido vencedor da disputa o candidato que obtiver a maioria simples dos votos válidos, não considerando os votos brancos e nulos.

Reinaldo Fernandes

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