Bárbara Eugênia é uma mulher segura de suas convicções e isso se reflete na sua música. “Frou Frou”, seu novo álbum que já está disponível para download no site oficial, nasceu da necessidade de se afastar do viés confessional de seus últimos trabalhos “É o Que Temos” (2013) e “Journal de Bad”. “É um disco bem mais inventado. Menos pessoal”, explica em entrevista ao iG.
Bárbara iniciou a temporada paulistana da turnê de “Frou Frou” no sábado com apresentação no Sesc Belenzinho, em que apresentou-se nua acompanhada de músicos Tatá Aroplano e Peri Pane. “Não vou fazer a mesma performance que fiz”, adverte alertando para o perigo da distorção do que chamou de “performance do amor”.
“Foi uma coisa pontual”, observa Bárbara ao afirmar que não tem problema com o corpo e sua nudez, destacando, inclusive, o fato de já ter surgido nua no clipe de "Jusqu'a La Mort".
A performance do sábado foi um ato contra a vulgarização do corpo. “A cultura é muito errada na relação com o corpo. Não somente o feminino”, salienta ao admitir que o gesto não teve nenhuma relação com a discussão contra “a cultura machista terrível” que move o país, em geral, e as redes sociais, em particular.
“Não sou politizada, mas acho que as pessoas devem se manifestar da maneira que acham apropriada. Sempre tomando o cuidado com o extremismo e o radicalismo. Devemos buscar a convivência, não a oposição."
À vontade na exposição de seu raciocínio, a cantora reconhece o momento complicado que o país vive a reboque de uma agenda evangélica no congresso e se diz disposta a contribuir com as vozes que pedem o afastamento do presidente da Câmara Eduardo Cunha. “Se precisarem do meu apoio, da minha voz, podem contar comigo."
Veja a iG Session de Bárbara Eugênia nos estúdios do iG
Situações de amor
Sem se reconhecer como uma artista performática, ela admite que a turnê de “Frou Frou” lhe leva a horizontes ainda não desbravados. “Tem figurino; tem cenário; toda uma construção em cima do disco. É a primeira vez que faço isso”. Ela conta à reportagem que seu show tenta envolver o público nessa sinergia gostosa de “um disco pra cima, relaxante”.
O objetivo do disco já era claro para a cantora antes mesmo de concebê-lo. A ideia de falar de situações de amor por um ângulo diferente norteou o projeto desde o início e permitiu a descoberta de uma Bárbara mais à vontade para tirar sarro de “coisas ruins”.
Esse desejo foi exteriorizado no nome do disco. “Eu queria uma coisa que não tivesse grande significado. Algo meio dadaísta”, revela.
O teste definitivo foi quando começou a contar para as pessoas o nome do álbum e perceber que elas o recebiam com um sorriso. “Assim que compus ‘Frou Frou’ sabia que ela era a canção que ia encerrar o disco e batizá-lo”. Era a canção que Bárbara estava tateando espiritualmente. “Minha festa anos 60 na piscina”, oferece uma imagem para a música, única do disco a dispor de tal luxo.
O álbum flutua pela surf music, pelo rock progressivo e entre um riff e outro, encontra na bluseira “Ai, Doeu!”, Bárbara em toda a sua potência vocal no estilo musical que melhor a define. “Me identifico. Adoro um lá menor”, ressalta do gênero que pariu o rock e que faz questão de manter presente em todos os seus álbuns.
A segunda metade de “Frou Frou” abraça uma fragilidade incontida com “Ouvi Dizer”, “Só Quero o seu Amor” e “Baby”, esta última em inglês. É Bárbara preparando os fãs para a apoteose climática que ela já preparava antes mesmo de ter um nome para o disco. Não se surpreenda se ao acabar de ouvir "Frou Frou" se flagrar com um sorrisão no rosto.
Fonte: iG