Economia

Mercado prevê contração maior do PIB em 2015 e 2016

As previsões do mercado financeiro para o nível de atividade da economia brasileira pioraram para este ano e para 2016, segundo relatório de mercado do Banco Central, que é fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras. Para inflação, a estimativa melhorou para 2015, mas registrou aumento para o ano que vem. O relatório focus foi divulgado nesta segunda-feira (14).

Para o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, os analistas passaram a estimar, na semana passada, uma retração de 2,55%. Foi a nona queda seguida deste indicador. Até então, a expectativa do mercado era de um recuo de 2,44% para o PIB de 2015. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.

Para 2016, os economistas das instituições financeiras passaram a prever uma contração de 0,60% na economia do país – na sexta revisão para baixo seguida. Na semana anterior, os analistas haviam estimado uma retração de 0,50% para a economia no próximo ano. Para se ter uma ideia, no início de 2015, a previsão dos economistas era de uma expansão de 1,8% para a economia brasileira no ano que vem.

Se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948. O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.

Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira registrou retração 1,9% no segundo trimestre de 2015, em relação aos três meses anteriores, e o país entrou na chamada "recessão técnica", que ocorre quando a economia registra dois trimestres seguidos de queda. De janeiro a março deste ano, o PIB teve baixa de 0,7% (dado revisado).

Inflação
A estimativa dos economistas dos bancos é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano de 2015 em 9,28% – na semana anterior, a taxa esperada era de 9,29%. Mesmo com a queda na previsão, se confirmada, representará o maior índice em 12 anos, ou seja, desde 2003 – quando somou 9,30%.

Segundo economistas, a alta do dólar e, principalmente, dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.

Para 2016, os economistas das instituições financeiras elevaram sua expectativa de inflação de 5,58% para 5,64% na última semana. Foi a sexta alta seguida do indicador – que continua se distanciando da meta central de 4,5% fixada para o ano que vem.

Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo que não acontece desde 2003.

Taxa de juros
Após o Banco Central ter mantido os juros estáveis em 14,25% ao ano no começo de setembro, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de 2016, a estimativa ficou estável em 12% ao ano – o que pressupõe reduções da taxa Selic ao longo do ano que vem.

A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.

Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 avançou de R$ 3,60 para R$ 3,70 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio subiu de R$ 3,70 para R$ 3,80

A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 subiu de US$ 8,9 bilhões para US$ 10 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão de superávit ficou estável em US$ 20 bilhões.

Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil permaneceu em US$ 65 bilhões. Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte subiu de US$ 63,95 bilhões para US$ 64,90 bilhões.

Fonte: G1

Redação

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