De tanto querer lucrar, o homem trocou o próprio homem pelas máquinas. De tanto amor ao dinheiro, o homem cresceu e cresce escravizando sua própria raça. Aliás, os humanos são a única raça que escraviza a própria raça. Em prol da produção em massa, o ser humano, que na verdade não passa de mais um animal, se torna a cada dia mais egoísta, mais competitivo e infinitamente mais violento. Na realidade, tenho a impressão que nós, os humanos, de verdade, somos os alienígenas. Nós que somos o povo colonizador. Viemos dum outro planeta, destruímos os dinossauros, e a partir da nave-mãe, começamos o processo exploratório deste novo planeta. Aí vamos destruindo, destruindo até irmos para outro planeta.
Assim é o ser humano. Quer tudo que vê. No mundo do capital, o pasto de engorda, o marfim do colar e o diamante do anel têm mais importância que um rio limpo, do que um ar puro, do que um pobre bem nutrido. Destruiu-se no último século mais do que todo o restante da humanidade havia destruído. Hoje, 50% das riquezas da Terra estão nas mãos de 1% dos habitantes deste mesmo mundo. O sistema monetário é mais forte que qualquer religião.
Empresas globais têm mais PIB que países ricos como a Arábia Saudita. Companhias internacionais visam lucro a qualquer custo, doa a quem doer, morra quem morrer, têm diretores que faturam mais que a maioria das prefeituras brasileiras. Precisamos modelar os currais.
Para os empresários, não é interessante investir em cultura. Um povo culto gera menos lucro. Um povo culto lê mais e vê menos propaganda na televisão. Um povo com educação não vai comprar mais do que pode, não vai se entupir nos juros, não vai parcelar sua saúde em 12x sem juros. Não vamos falar que Mercedes Sosa é muito melhor que Anita. Mercedes não vende, não rebola. Não vai lançar uma nova moda. O consumidor quer consumir quem é igual a ele, quem tem a mesma índole que ele, quem compartilha a mesma opinião que ele.
Decididamente, o futuro é mais negro do que se pensa.