O aumento das tarifas de importação anunciado pelos Estados Unidos também irá impactar as fabricantes brasileiras de motocicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus. As motos e seus respectivos componentes não entraram nas exceções do tarifaço assinado há duas semanas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Portanto, desde a quarta-feira passada (6), a tarifa de importação americana para o produto motocicleta será de 50%, confirma a Abraciclo, associação das fabricantes do setor.
Os EUA são o terceiro maior destino das motos exportadas pelo Brasil. De acordo com as fabricantes, 3,7 mil unidades foram enviadas para lá no primeiro semestre deste ano. À frente dos EUA vêm Argentina (7,7 mil unidades) e Colômbia (4,1 mil). Embora o total exportados para os Estados Unidos seja baixo, o volume representou 18% das motos exportadas pelo País neste ano. Os modelos exportados são, predominantemente, motos off-road, segundo a dados da Abraciclo, que representa as empresas do setor.
Além do tarifaço de Trump atingir as motos exportadas, existe a preocupação de uma retaliação do governo brasileiro. Isso porque algumas associadas da Abraciclo importam componentes dos Estados Unidos para a produção.
De acordo com fontes ligadas à Honda, a marca importa algumas peças utilizadas na produção dos quadriciclos Four Trax TRX 420. Não há, porém, até o momento, sinais de que o governo Lula irá aumentar as tarifas de produtos importados dos Estados Unidos, abrindo assim uma guerra comercial com Trump.
MENOR COMPETITIVIDADE
Como já havia diversos contratos de compra assinados, o tarifaço não deve atingir tanto o mercado de motos de imediato. Ainda segundo a Abraciclo, porém, “a decisão pode reduzir a competitividade de exportação da motocicleta produzida no Brasil, pois o produto tende a ficar mais caro para o consumidor”.
Embora o volume de exportação não seja expressivo quando comparado à produção anual das fabricantes de motocicletas em Manaus, a medida causa preocupação ao setor. Em entrevista à Times Brasil, o presidente da associação, Marcos Bento, ressaltou a relevância do mercado norte-americano para a estratégia de expansão internacional da indústria de motos.
Ainda de acordo com o executivo, a Abraciclo mantém as projeções para o ano. A entidade projeta produzir cerca de 1,9 milhão de unidades até o final de 2025, ou seja, um crescimento de 7,5% em relação ao ano passado. Já as exportações devem ter alta de 6% e chegar a 36 mil unidades.