A Polícia Civil de São Paulo identificou parte dos suspeitos que participaram da emboscada a torcedores do Cruzeiro na manhã do último domingo, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP). O ataque aconteceu no quilômetro 65 da rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, comandado supostamente por integrantes da principal torcida organizada do Palmeiras, a Mancha AlviVerde, que nega ter envolvimento com a ação. Um homem morreu em decorrência de queimaduras e outras 17 pessoas ficaram feridas. Dois continuam internados, dos quais um está em estado grave.
A investigação polícia é coordenada pela Delegacia de Polícia de Repressão de Intolerância Esportiva (Drade). Os agentes continuam no trabalho de identificar mais pessoas envolvidas. A Drade conta com um banco de dados de torcedores ligados a organizadas e pretende cruzar essas informações. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, também atua na investigação.
A reportagem do Estadão questionou à SSP-SP se os suspeitos já identificados correspondem a pessoas envolvidas em casos anteriores, mas não foi respondida.
A emboscada terminou com a morte de José Victor Miranda, de 30 anos. Ele integrava um grupo da Máfia Azul, organizada do Cruzeiro, de Sete Lagoas (MG). Miranda chegou a ser internado no Hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã, em estado gravíssimo em decorrência de ferimentos de queimaduras e não resistiu. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que atendeu a ocorrência no dia, foi ateado fogo em um dos ônibus dos cruzeirenses.
Outros dois torcedores continuam internados. Um deles, no Hospital Anjo Gabriel. Ele está estável e aguarda por cirurgia já marcada para esta semana na Santa Casa de São Paulo. Até o começo da tarde desta terça-feira, o outro estava no Hospital Estadual de Franco da Rocha, em estado grave.
Ao todo, 17 cruzeirenses deram entrada no Hospital Anjo Gabriel após a emboscada. Além de José Victor Miranda, sete também foram internados ou transferidos para outros locais. A maioria já obteve alta. Outros nove foram atendidos e liberados no domingo.
O caso é entendido como uma ‘cobrança’ dos palmeirenses por uma ação de torcedores do Cruzeiro contra integrantes da Mancha AlviVerde em 2022, também na Fernão Dias. Na época, Jorge Luís Sampaio Santos, o presidente da organizada do Palmeiras, teve sua carteirinha de sócio, documentos e cartões de créditos arrancados dos rivais durante o confronto, além de ter sido espancado e ter vídeos expostos nas redes sociais. A confusão terminou com quatro torcedores feridos a tiros.
A Máfia Azul se manifestou ainda na tarde de domingo. “Perca com honra, mas não vença por covardia. O choro da mãe do seu rival traz a alegria da sua”, escreveu a uniformizada. A Mancha AlviVerde nega o envolvimento na emboscada e diz ser acusada injustamente. “Com mais de 45.000 associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores, que desrespeitam os princípios de respeito e paz que promovemos e defendemos”, diz trecho da nota divulgada.
Cruzeiro e Palmeiras também lamentaram o ocorrido. Os clubes não se enfrentaram no final de semana. A equipe mineira jogou no sábado, contra o Athletico-PR, em Curitiba. Já o Palmeiras recebeu o Fortaleza, em São Paulo.