O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira, 29, que é muito difícil trabalhar com um nível de juro mais baixo, sem que haja um choque positivo vindo da política fiscal. A afirmação foi feita durante a participação de Campos Neto no Lide Brazil Conference, em Londres.
O presidente do BC relembrou que, desde a implementação do plano Real, todas as vezes que foi possível baixar os juros foram acompanhadas de um choque fiscal “positivo”, como quando houve aprovação da regra do teto de gastos no governo Michel Temer. “Quando metas físicas foram mudadas começou a desancoragem nessa parte fiscal”, frisou o banqueiro central.
Em relação à situação atual do Brasil, Campos Neto pontuou que a inflação parou de convergir no curto prazo e que as expectativas à frente estão desancoradas, o que tem preocupado o BC. “Porque o modelo de metas é baseado em expectativas”, reforçou.
Campos Neto apontou ainda que o nível da dívida bruta do Brasil é hoje o mais alto entre os países emergentes e que, por diferentes métricas, o País tem também um dos níveis mais altos de juro real. “Mas quando a gente pega a parte de primário, que é o esforço que o governo está fazendo, vamos dizer, no momento corrente, o Brasil não é muito diferente dos outros países”, acrescentou.
Campos Neto apontou novamente também que a economia brasileira se mantém aquecida e que o mercado de trabalho está apertado.