Na página de convocação do rolezinho do Iguatemi, que deverá ser o principal, o movimento é justificado como um protesto contra a "privatização de espaços públicos, o subfinanciamento governamental das políticas sociais e a criminalização da pobreza". No evento criado na rede social Facebook, mais de 31 mil pessoas foram convidadas, porém pouco mais de 3 mil confirmaram presença.
O convite não deixa de lado, no entanto, o objetivo mais informal dos encontros nos shoppings centers, que é a reunião de uma multidão de jovens. O movimento convoca jovens de todas as tribos, alerta contra o uso de drogas no local e pede que o rolezinho seja pacífico.
Em uma publicação na página, um dos criadores do evento, Franklin Rabelo de Melo, diz que a organização do movimento já é uma vitória política, por ter conseguido colocar em pauta o tema do preconceito e da discriminação e expor demandas dos jovens ao Governo do Distrito Federal (GDF) – como transporte público, investimentos governamentais, cultura, lazer e esporte. O GDF convocou a Polícia Militar para acompanhar os protestos hoje. Em nota, o Shopping Iguatemi informou que tem como procedimento padrão atuar para garantir a segurança e a tranquilidade dos clientes, lojistas e colaboradores.
Na página do rolezinho do Parkshopping, há menos informações a respeito do evento e menos presenças confirmadas – 182. O ParkShopping divulgou nota informando que tem acompanhado a questão e que sempre que toma conhecimento de algum evento que possa afetar o bem-estar de seus clientes e lojistas, toma as medidas que entende cabíveis. Na nota, o shopping explica que respeita a lliberdade de ir e vir de qualquer indivíduo, desde que sejam assegurados os direitos dos cidadãos como um todo.
Os primeiros rolezinhos foram organizados por cantores de funk em resposta à aprovação, pela Câmara Municipal de São Paulo, de um projeto de lei que proibia bailes desse estilo musical nas ruas da capital paulista. A proposta foi vetada pelo prefeito Fernando Haddad no início de 2014. Ainda assim, os rolezinhos continuaram a ser organizados. A polícia tem reprimido os atos e os shoppings têm tentado proibir esse tipo de atividade.
Apesar de, originalmente, esse movimento ter sido organizado por meio de redes sociais como uma forma de socialização, lazer e expressão de jovens da periferia, os rolezinhos ganharam a atenção do país e se tornaram uma plataforma de manifestação pelo direito de ir e vir. As discussões passaram a ser politizadas, especialmente em relação ao que é considerado "a privatização de espaços públicos" e a favor do aumento de investimentos em políticas públicas voltadas à juventude.
Para especialistas, essas manifestações evidenciam a carência de locais para lazer e cultura em uma sociedade de consumo. Os rolezinhos também receberan o apoio de movimentos sociais e levaram o governo a se pronunciar sobre o tema.
Fonte: Agência Brasil