A irmã de Ana Clara, de 1 ano e 5 meses, permanece internada no Hospital Estadual Infantil Juvêncio Matos. Ela teve queimaduras em 20% do corpo, mas o seu quadro é considerado estável e está fora de perigo. A mãe das crianças, de 22 anos, teve 40% do corpo queimado e permanece internada no Hospital Geral Tarquínio Lopes Filho.
Além delas, uma mulher de 35 anos está internada no Hospital Geral com queimaduras de segundo grau no abdome e no braço direito, com quadro considerado estável. Já o homem de 37 anos que teve 72% do corpo queimado no ataque segue em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Tarquínio Lopes Filho.
Onda de ataques
A onda de ataques que vitimou Ana Clara Santos Sousa começou depois de uma operação realizada pela Tropa de Choque da Polícia Militar no Complexo de Pedrinhas, com o objetivo de diminuir as mortes nas unidades prisionais do estado.
Na quinta (2), dois presos foram encontrados mortos em Pedrinhas. Em 2013, de acordo com o relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) entregue em 27 de dezembro, 60 detentos morreram nos presídios do Maranhão.
Nos ataques de sexta, quatro ônibus foram incendiados na Vila Sarney, na Avenida Kennedy, no bairro João Paulo e na Avenida Ferreira Gullar. Além disso, duas delegacias foram alvo de tiros em São Luís, no São Francisco e na Liberdade.
Prisões
Na manhã de domingo (5), dez suspeitos de participarem dos ataques a ônibus e delegacias em São Luís foram apresentados pela Secretaria de Segurança Pública – dois adolescentes e oito maiores de idade. No total, 11 pessoas foram detidas, mas o suspeito de atirar contra a delegacia do bairro da Liberdade na noite de sábado (4) não foi apresentado porque a prisão ocorreu durante a entrevista coletiva.
O secretário de Segurança Pública do estado, Aluísio Mendes, afirmou que a ordem para os ataques partiu de dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas e que o objetivo da facção criminosa era queimar, pelo menos, 20 ônibus na Região Metropolitana de São Luís.
Escutas telefônicas gravadas com autorização judicial mostram que a ordem para os ataques na capital maranhense partiu de dentro do presídio. Segundo reportagem do "Fantástico", Hilton John Alves Araújo, detido após os ataques, comandou a ação depois de receber o pedido de um preso.
Reforço policial
O efetivo de todas as polícias que atuam na capital foi reforçado após os ataques. Além das polícias Militar e Civil, houve reforço no contingente de homens do Grupo Tático Aéreo (GTA) e do Corpo de Bombeiros que atua em São Luís. Além disso, alunos da PM que terminaram a formação e estão em fase de estágio operacional estão nas ruas da cidade desde sábado.
O Ministério da Justiça informou no domingo (5) que ofereceu ajuda ao governo do Maranhão para tentar conter a onda de violência. Segundo o governo federal, foram oferecidas vagas em presídios federais para líderes das facções criminosas que estão em Pedrinhas.
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, ainda não respondeu à oferta do Executivo, o que deverá acontecer nos próximos dias. Se aceitar o auxílio do governo federal, ela será responsável por apontar quais os presos que serão transferidos para outros locais.
Segundo o Ministério da Justiça, a estratégia que pode ser adotada no Maranhão já foi utilizada de forma eficaz anteriormente em Santa Catarina, quando foram transferidos vários presos, no início de 2012, justamente para tentar frear uma onda de violência que tomava conta do estado.
G1