Economia

IPI reduzido eleva número de famílias com carros e eletrodomésticos no país

 
Os noivos de Inhaúma (zona norte do Rio) ilustram a tendência de aumento mais forte de acesso a bens duráveis, desde 2008, detectada pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
 
Naquele ano, o governo lançou o incentivo fiscal para combater a crise, mas acabou por renová-lo em várias ocasiões para estimular o consumo -pilar de sustentação do PIB até o ano passado.
 
Segundo Maria Lúcia Vieira, gerente do IBGE, o benefício do IPI menor "deu um empurrão" no acesso a eletrodomésticos da linha branca e veículos. Analistas citam ainda a expansão do crédito a custo menor -os juros só começaram a subir neste ano- como motor das vendas dos dois setores.
 
A grande vedete foi a máquina de lavar, bem de maior valor que se popularizou no país. Desde 2008, cerca de 10 milhões de lares passaram a ter o utensílio, presente em 55,1% dos domicílios em 2010. Em 1992, eram só 24,1%.
 
Também cresceu o acesso a fogão e refrigerador, mas ambos já estavam na grande maioria dos domicílios.
 
O crédito fácil e mais barato até o ano passado fez ainda as famílias sofisticarem as compras. Os lares com geladeira de duas portas (com freezer separado) subiram 15% de 2011 para 2012, enquanto os que têm a de uma porta só caíram 2,5%.
 
Ainda sob efeito do desconto do IPI e do financiamento, 5,7 milhões de famílias compraram carros desde 2008. A penetração do automóvel foi de 36,4% a 42,4%.
 
"Além do IPI e do crédito mais barato, o emprego e a renda cresceram, o que ajudou as famílias a satisfazerem uma necessidade de consumo ou trocarem o carro ou a geladeira por um novo", diz o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.
 
Segundo Fábio Bentes, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), o IPI ajudou, mas o forte aumento do crédito teve papel mais importante.
 
O cenário positivo, porém, já mostra esgotamento. Os dados do varejo indicam que a venda de eletrodomésticos e veículos cresce menos com a desaceleração do mercado de trabalho e a inflação.
 
Para não estimular o consumo e a inflação, o governo subiu as alíquotas da linha branca, embora os percentuais ainda sejam menores do que os que vigoravam antes da política de incentivos.
 
Folha de São Paulo

Redação

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