No dia 11 de setembro comemora-se o Dia Nacional do Cerrado. O bioma abriga cerca de 200 espécies de mamíferos, 800 espécies de aves, 180 de répteis, 150 de anfíbios e 1200 espécies de peixes.
É comum as famílias estipularem um limite diário para a criança ter contato com telas como de celulares, tablets, computadores e televisores. Mas quanto tempo as famílias proporcionam de contato da criança com a natureza em sua rotina?
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças e adolescentes interajam com a natureza uma hora por dia para que desenvolvam saúde física, mental, emocional e social.
Diversos estudos mostram os benefícios que o contato com a natureza proporciona. O manual de orientação do programa Criança e Natureza, elaborado em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria, mostra que o convívio com a natureza melhora o controle de doenças crônicas como diabetes, asma e obesidade, além de favorecer o desenvolvimento neuropsicomotor, reduzir problemas de comportamento, proporcionar bem-estar mental e melhorar os níveis de vitamina D.
O contato com natureza também colabora para a criatividade, autoconfiança, capacidade de tomar decisões e resolver problemas, desenvolvimento de múltiplas linguagens, concentração e melhora a coordenação motora e a qualidade do sono. Também desperta para o encantamento, a empatia e o senso de pertencimento.
Agora com a pandemia do novo coronavírus, pediatras indicam às famílias que brinquem com as crianças ao ar livre, sem aglomeração.
Nesta época do ano, em plena seca, o Cerrado floresce e encanta. Em meio ao cenário de tons alaranjados, os ipês, cagaitas, caliandras e pequizeiros surpreendem e colorem a paisagem, instigando os mais curiosos a colherem flores, sementes e galhos. Esses elementos podem ser apenas o primeiro passo para uma nova brincadeira.
A contemplação é outra opção para se entreter no Cerrado. Observar o “céu azul de nuvens doidas”, ver aves como o carcará, o tucanuçu, a coruja-buraqueira. Contar as variações dos tons de verde, amarelo e marrom. Apreciar as nascentes e as inúmeras cachoeiras que ainda brotam no bioma mais ameaçado do Brasil. Fazer trilhas. Encontrar pedras. Identificar e catalogar as árvores.
Quintal brincante
Kelma Oliveira, fundadora e criadora da escola Fava de Bolota – Acervo Pessoal
Em 2018, Kelma Oliveira largou 20 anos dedicados ao mundo corporativo e fundou a Fava de Bolota, um quintal brincante lúdico e natural em Palmas, capital de Tocantins. A escola de educação complementar atende crianças de 2 a 9 anos e propõe o livre brincar com a natureza.
“No começo, o público-alvo era filhos de famílias que se conectam com o universo natural, muitas pessoas veganas e vegetarianas. O tempo foi passando e outras pessoas foram nos procurando. Pessoas indicadas por pediatras e psicólogos que dizem que essas crianças precisam brincar livre com o ambiente natural. E também nos procuram pais de crianças que estão altamente intoxicadas pela tecnologia, que não vivem sem o celular, que jogam o tempo inteiro. Tem famílias que nos ligam pedindo socorro, para que elas passem por uma desintoxicação”, revela Kelma.