O Sarampo é uma doença infecciosa exantemática aguda, transmissível e extremamente contagiosa, podendo evoluir, com complicações e óbitos, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade. Em 2018, o Brasil enfrentou a reintrodução do vírus do sarampo, com a ocorrência de surtos em 11 Estados, um total de 10.326 casos confirmados. O sarampo ainda é comum em muitos países, infecta aproximadamente 20 milhões de pessoas ao redor do mundo todos os anos e causa aproximadamente 200.000 mortes, principalmente em crianças.
Mulheres que tiveram sarampo ou que foram vacinadas transmitem a imunidade (sob a forma de anticorpos) aos seus filhos, que dura a maior parte do primeiro ano de vida. Depois do primeiro ano, no entanto, a suscetibilidade ao sarampo é alta, a menos que se administre a vacina. Aproximadamente 90% das pessoas que não têm imunidade contra o sarampo desenvolvem a doença depois de serem expostas a uma pessoa com sarampo. O sarampo pode ser propagado das seguintes maneiras: de mãe para o bebê durante a gravidez, parto ou amamentação, por gotículas respiratórias no ar (tosse ou espirro), por saliva (beijos ou bebidas compartilhadas), por contato com a pele (apertos de mão ou abraços) e por toque em uma superfície contaminada (cobertor ou maçaneta).
Os sintomas do sarampo começam entre sete a catorze dias depois da infecção, e geralmente incluem: febre, congestão nasal, tosse seca e apresenta vermelhidão dos olhos e sensibilidade à luz intensa. Antes de a erupção cutânea ter início, manchas minúsculas de cor vermelho-vivo com centros brancos ou azulados (manchas de Koplik) podem aparecer dentro da boca. Essas manchas podem se parecer com grãos de areia e, após isso, desenvolve dor de garganta. Uma leve erupção pruriginosa surge três a cinco dias depois dos sintomas iniciarem e começa na frente e por baixo das orelhas e dos lados do pescoço, tem superfície irregular, plana e vermelha, e rapidamente começa a ficar saliente e em um ou dois dias se espalha para o tronco, braços, palmas das mãos, pernas e solas dos pés e começa a desaparecer da face.
No ápice da doença, a criança se sente muito doente e desenvolve inflamação ocular (conjuntivite), a erupção cutânea é extensa e a temperatura pode ultrapassar 40 ºC. Em três a cinco dias, a temperatura cai, a criança começa a se sentir melhor e a erupção cutânea remanescente rapidamente desaparece. A ocorrência de febre, por mais de três dias, após o aparecimento das erupções na pele, é um sinal de alerta, podendo indicar o aparecimento de complicações, sendo as mais simples: infecções respiratórias, otites, doenças diarreicas e neurológicas. As complicações do sarampo podem deixar sequelas, tais como: diminuição da capacidade mental, cegueira, surdez e retardo do crescimento. O agravamento da doença pode levar à morte de crianças e adultos.
O diagnóstico do sarampo se baseia nos sintomas típicos, nas manchas de Koplik e na erupção cutânea característica. Exames de sangue para identificar o vírus são realizados principalmente para documentar casos para fins de saúde pública, para que, assim, os agentes governamentais de saúde possam tentar conter os surtos e limitar uma disseminação ainda mais abrangente da doença.
A VACINA é o único meio de se prevenir contra o sarampo. É uma vacina combinada e contém a vacina contra o sarampo, caxumba e rubéola e algumas vezes também a vacina contra varicela (catapora). A vacina não causa autismo. Crianças (e adultos) expostas ao sarampo e que não têm imunidade podem ser protegidas por vacinação no prazo de três dias desde a exposição. As pessoas que não devem receber a vacina, como mulheres grávidas, pessoas com certos tipos de câncer ou tuberculose não tratada e pessoas com doenças sérias ou sistemas imunológicos enfraquecidos, recebem imunoglobulina para proteção. De acordo com o Ministério da Saúde, o esquema vacinal para sarampo prevê:
- Crianças de 12 meses a menores de 5 anos de idade: uma dose aos 12 meses (tríplice viral) e outra aos 15 meses de idade (tetra viral).
- Crianças de 5 anos a 9 anos de idade que perderam a oportunidade de serem vacinadas anteriormente: duas doses da vacina tríplice
- Adolescentes e adultos até 49 anos:
Pessoas de 10 a 29 anos – duas doses das vacina tríplice
Pessoas de 30 a 49 anos – uma dose da vacina tríplice viral
Reforça-se que viajantes com destinos internacionais procurem um posto de saúde pelo menos quinze dias antes da viagem, para serem avaliados e vacinados, caso necessário. Quem comprovar a vacinação contra o sarampo conforme preconizado para sua faixa etária, não precisa receber a vacina novamente.
Não existe tratamento específico para o sarampo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda administrar a vitamina A, em todas as crianças, no mesmo dia do diagnóstico do Sarampo. E de acordo com o Ministério da Saúde o tratamento profilático com antibiótico é contraindicado. Crianças com sarampo devem ser mantidas sempre aquecidas e confortáveis. Deverá ser mantido hidratação, suporte nutricional e medicamentos que reduzam a febre.
E como sempre digo por aqui, vacinem seus filhos, procurem seu médico em caso de dúvidas e nunca se automediquem. Até a próxima semana.
DRA POLIANA PELISSARI
MÉDICA GENERALISTA PELA UNIFENAS BH