Política

Emanuel recusa mudança de nome de MT-251 que homenageia seu pai

No Dia Mundial do meio ambiente, quando autoridades sempre encenam o famoso "plantio de mudas" de árvores, um inusitado pedido do governador Pedro Taques (PSDB) tirou o prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB) do sério. Taques pediu para que o Prefeito  aceitasse  alterar o nome da Rodovia Emanuel Pinheiro (no trecho entre o Atacadão até a Fundação Bradesco) para  Avenida Ramis Bucair/Ramis Bucair.

“Isso é loucura do Pedro. Não tem o que fazer. Tanto bairro pra colocar nome, vai mudar rodovia Emanuel Pinheiro, a mais tradicional do Estado? Vem o governador com essa falta do que fazer. Em hipótese alguma será alterada”, disse o Prefeito Emanuel à imprensa que estava na manhã desta terça-feira (5), às margens da rodovia MT-251, a que leva o nome do seu pai, para assistir à comemoração ao meio ambiente. 

Cemitério Pedro Taques

Após o governador deixar o local com a sua comitiva, o Prefeito Emanuel afirmou ainda que se Taques insistir na mudança, ele também irá fazer uma homenagem. “Se acontecer isso, estou pensando em inaugurar o cemitério, que terá o primeiro crematório de Cuiabá, no CPA. Se ele fizer isso aqui na rodovia (mudar o nome), vou colocar o nome de Cemitério Governador Pedro Taques. Aqui não muda não”, disse Emanuel, irritado antes da finaliação da cerimonia. 

Família Pinheiro protagonizou tragédia

O pai do prefeito homenageado com o nome da estrada que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães foi o ex-deputado federal Emanuel Pinheiro  da Silva Primo. A morte do parlamentar chocou a sociedade Mato Grossense. Ele recebeu seis tiros desferidos pelas costas por João Lopes de Souza, que também aspirava à cadeira de deputado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

Emanuel foi morto às 13h do dia 26 de julho de 1974, enquanto participava de uma festa para comemorar o aniversário de 233 anos de Chapada dos Guimarães. Advogado formado pela Federal do Rio de Janeiro e ex-procurador, era considerado um dos políticos mais promissores do Estado, mas teve a sua trajetória política interrompida pelo crime.

Depois de dois mandatos como deputado estadual, Pinheiro despontava na carreira como deputado federal, sendo responsável pelo projeto de lei que deu origem aos direitos dos trabalhadores domésticos no país.  Antes de falecer, o parlamentar fez viagens importantes, com direito a um discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque. O parlamentar era um dos nomes mais cotados para a vaga de senador pela Arena (atual PMDB), rivalizando com Pedro Pedrossian, Gastão Müller e Garcia Neto.

A ex-prefeita do município Thermozina Siqueira da Costa Lopes (dona China) é apontada como o pivô da morte. Segundo afirmações da própria família Siqueira, as motivações da tragédia teriam sido realmente passionais. “Sempre houve um silêncio sobre o tema e o que teria ocorrido entre minha mãe e Emanuel, porém todos nós sabemos que foi um crime contra a honra”, diz Jother Benedito, filho de João e Thermozina, que na época tinha 14 anos.

A morte foi considerada pela Justiça estadual como um dos últimos crimes “contra a honra” do país. Em 1976, João Lopes de Souza foi absolvido por 4 a 3 pelo tribunal do júri depois de passar dois anos preso no Presídio Central do Estado, em Cuiabá. O provável recurso que a família Pinheiro moveria o fez fugir primeiro para o Rio de Janeiro e depois para a Bolívia, onde permaneceu até o crime prescrever.

Em 1974, Chapada dos Guimarães era o maior município do mundo e representava 5 mil votos; eram necessários 10 mil para ser eleito senador na época.

Após o crime a família do atual prefeito passou uma década em Brasília até os anos de 1990. Dos quatro filhos, apenas o atual prefeito de Cuiabá, que tinha apenas 10 anos em 1974, seguiu a trajetória escolhia do pai, que o batizou com seu nome político.

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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