Política

Comissão investiga procuradores e desvio de R$ 10,3 milhões

Em meio à onda de protestos de caminhoneiros pela alta do combustível no centro político de Cuiabá, o deputado estadual Oscar Bezerra (PV) cancelou a sessão em que seria ouvido o ex-procurador-geral Paulo Prado, na tarde da última quinta-feira (24). A audiência fazia parte da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia que investiga as negociações das cartas de crédito da extinta Cemat com procuradores de justiça.

Essa CPI foi iniciada em setembro de 2015, jamais saiu do lugar e ninguém sabe ao certo o motivo. No capítulo mais recente da novela de quase três anos, o presidente da comissão, Bezerra, anunciou seu desligamento por se dizer cansado do esvaziamento constante e específico das sessões relacionadas aos trabalhos do caso.

O caso só saiu das catacumbas porque o ex-secretário e ex-homem forte dos governos Blairo Maggi (PP) e Silval Barbosa (sem partido) Eder Moraes lembrou recentemente que 45 agentes teriam sido beneficiados com um valor total superior a R$ 10,3 milhões advindos da suposta negociata.

A história veio à tona após a deflagração da quinta fase da Operação Ararath, em maio de 2014. Em mandados de busca e apreensão cumpridos na residência do ex-secretário de Estado de Fazenda, foram encontrados documentos e planilhas que detalham o pagamento desses precatórios.

Assim que foi preso, Eder Moraes firmou um acordo de delação premiada e confirmou o que indicavam os documentos encontrados em sua casa. Ele tocou no assunto durante entrevista ao jornalista Edivaldo Ribeiro, no site e programa “O Bom da Notícia”.

Da parte de Oscar Bezerra, restaram queixas. “Infelizmente, o descompromisso do parlamento estadual para com as suas funções básicas, inclusive a sessão, me faz decidir deixar esta CPI”, criticou.

Além de Bezerra, só a deputada Janaina Riva, também componente da CPI, esteve presente à tentativa de oitiva. Com os dois estão na CPI Dilmar Dal Bosco (DEM), Gilmar Fabris (PSD) e Wilson Santos (PSDB).

Janaina Riva entrou no lugar de Mauro Savi, pois este permanece preso, como um dos desdobramentos da Operação Bereré, batizada de Bônus, juntamente com os irmãos Taques, Pedro Jorge e Paulo Zamar Taques, desde o dia 9 de maio.

Janaina aproveitou a sessão para sugerir a anulação da CPI. A justificativa foi justamente o constante esvaziamento do inquérito parlamentar, pois isso e mais a demora de quase três anos “expõem” e ferem a credibilidade “não só do Ministério Público Estadual, mas da Assembleia Legislativa de Mato Grosso”.

Quem deveria ser o protagonista da oitiva, o ex-procurador-geral de Justiça Paulo Prado, defendeu-se das acusações mesmo sem audiência. Disse que estava disponível para “esclarecer de uma vez por todas a sociedade mato-grossense a respeito das cartas de crédito”. Justificou o aparecimento de seu nome dizendo que o Executivo só emitiu mais de 90 mil cartas de crédito em 2008 e 2009 devido às dificuldades na arrecadação de impostos.

 

Redação

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