A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) acaba de incluir no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, a primeira terapia para o tratamento da esclerose múltipla recorrente remitente (EMRR), o natalizumabe. A inclusão permite que os beneficiários dos planos de saúde tenham acesso ao medicamento na rede de saúde privada.
A decisão da incorporação foi tomada após a consulta pública (CP nº 61), que ouviu a sociedade entre 27 de junho e 26 de julho. Contribuições de diversos setores da sociedade deram subsídios para a ANS tomar a decisão da incorporação. "Existem diversos perfis de pacientes com esclerose múltipla. Por essa razão é importante a ampliação do arsenal terapêutico, bem como sua flexibilização para que o médico tenha possibilidade de prescrever a terapia que vai proporcionar os melhores resultados para cada paciente: medicamento correto para paciente correto no momento correto", explica Marcelo Gomes, diretor médico da Biogen Brasil.
O medicamento, que é administrado via infusão intravenosa, ajuda prevenir surtos e retardar a progressão da incapacidade nos pacientes com doença altamente ativa, independentemente do uso prévio de outras terapias.
O natalizumabe também está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). "Atualmente, os pacientes de esclerose múltipla que utilizam o SUS estão mais respaldados – uma vez que existem diferentes terapias disponíveis na rede pública para tratar a doença. A inclusão do medicamento no rol da ANS é uma grande vitória para as pessoas com EM. É o primeiro passo para conseguirmos o equilíbrio entre sistema público e privado", afirma Gustavo San Martin, fundador da Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME).
De causa ainda desconhecida, a esclerose múltipla é uma doença que atinge principalmente adultos jovens e compromete o sistema nervoso central. É caracterizada pela desmielinização da bainha de mielina, envoltório do axônio por onde passam os impulsos nervosos. A esclerose múltipla é um processo de inflamação crônica de natureza autoimune que pode causar desde problemas momentâneos de visão, falta de equilíbrio até sintomas mais graves, como cegueira e paralisia completa dos membros. A doença é uma das principais causas de incapacidade de jovens adultos, com idade entre 20 e 40 anos, e é mais frequente entre as mulheres.